A CRIANÇA QUE SE EDUCACA NA INTERNET

 Candidata a imbecil

Eu, como todos aqueles que leem, que estudam sobre o impacto negativo da Internet e das redes sociais na saúde mental, na formação da personalidade, na constituição social, moral e intelectual do ser humano não podemos esmorecer quanto aos danos, aos riscos dessas tecnologias para as crianças, adolescentes e jovens. Sobretudo às crianças e adolescentes, faixa etária mais vulnerável, porque essas pessoinhas estão em formação psíquica, moral e intelectual. É o princípio, aprendeu certo, certo será para sempre, já aprendeu torto..

.É bem sabido das Ciências, da Biologia, da Psicologia, das Neurociências que o cérebro humano tem uma enorme plasticidade e capacidade de assimilação até a idade de 21 anos. Fase essa titulada de maturação neurossensorial. Significa o que para o cérebro, para a memória e sinapses neurais? A aptidão, a sensibilidade, a vulnerabilidade do aprendizado. A capacidade de aprender e plasmar, incrustar, de gravar de forma indelével as informações recebidas.

Basta ter em consideração que ao nascer uma criança traz apenas os reflexos instintivos de sobrevivência, comuns a muitos animais: o reflexo da sucção, de chorar ao sentir fome, frio ou dor, cólicas, desconforto ambiental. Nos humanos, a criança sequer tem o controle dos esfíncteres, porque estão imaturos. Toda criança nasce sem nenhuma informação sensorial, de meio ambiente e conhecimento do mundo.

A mãe com sua comunicação, o meio ambiente, os cuidadores e pessoas à sua volta são os seus referenciais de cultura, das coisas, do mundo. Esta é a teoria empirista da tábula rasa ou lousa em branco. Todos nascemos analfabetos e destinados ao bem, ao belo, ao social, ao construtivo. A mãe, o pai, a família, a sociedade são os referenciais que vão construir, formar, educar e instruir essa criança, adolescente e jovem. Não existe nada em contrário a esses princípios na construção da pessoa.

Façamos uma analogia simples e compreensível; uma criança de 2 anos, 3 anos deve saber nomear 100 coisas, 100 objetos ou circunstâncias. Ao nascer era um analfabeto absoluto das coisas e do meio ao redor. Para aprender essa criança seguirá paradigmas, modelos, exemplos, ela vai imitando, mimetizando, copiando, repetindo as suas informações sensoriais. Vem desse conhecimento o quão determinante, decisivo o papel da mãe, do pai, ou dos tutores, responsáveis, babás, cuidadores dessa criança. A criança tomará como correta, como regras de vida, de conduta as informações e instruções que chegarem para ela pela primeira vez e repetidas vezes; como os nomes das coisas, as condutas, as normas sociais e morais. E assim, essa criança vai crescendo, adolescendo, ficando jovem, adulta, pronta, acabada e modelada de forma irreversível. “Princípio do pau que nasce reto e pode entortar”. Poucos paus (genética, síndromes).

Vamos imaginar então uma criança ou adolescente entre 10 anos e 16 anos, com um cérebro avido, sedento por informações, apto e ágil em tudo saber e repetir; em tomar cada aprendizado em normas e regras de vida. Seriam os códigos éticos e sociais nas relações humanas de toda ordem. Imaginemos então a influência para o danoso, o nocivo, o destrutivo e antissocial que uma redes social, os games, os aplicativos podem trazer a essas pessoinhas em formação da personalidade, em construção como cidadãos.

Não é sem motivos e discurso por discurso, alertas pelos alertas que estudos fresquinhos vêm chamando atenção das sociedade, dos pais, de escolas, de educadores para as consequencias maléficas, destrutivas para as crianças e adolescentes que ficam horas a fio, mais de 3 horas/dia em redes sociais. Assim, o dizem os cientistas Michel Desmurget (do Instituto de Saúde de Paris França); o médico e pesquisador Vivek Marthy, sobre os impactos negativos do uso em demasia, e precoce das redes sociais por crianças e adolescentes.

A classificada e já catalogada doença da dependência digital, a webdependência, a digitodependência, esse transtorno semelhante às dependências químicas, vem sendo tratado, conforme a gravidade com os antagonista dos opioides (morfina, fentanil). Porque o mecanismo neural é o mesmo, o vício, à semelhança do processo viciante da nicotina, do álcool, da maconha, da cocaína. Ficam mais esses alertas aos pais, às famílias, escolas, educadores.

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