Os poderes e as potestades

 "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Essa foi a obra da República nos últimos anos. Rui Barbosa, senador- em discurso no Senado Federal, 1914

Esta eriçada de bola, já vale a pena, pelo nível cultural geral, pela qualidade do ensino a que chegaram as escolas públicas e particulares de nosso País. Estamos alocados nos primeiros lugares dos piores, na segunda página do escore do grau qualitativo de ensino entre os países classificados de emergentes, os BRICS. Queira ver o que dizem as provas de avaliação do aproveitamento escolar, tipo Ideb, prova brasil, Pisa, Ecade, olimpíadas de matemática, etc.

De forma analítica, vamos concentrar na agudeza das palavras de Rui, e como elas são atemporais, como se fossem proferidas pela primeira vez nos dias de agora; tempos de impeachment de presidentes, de mensalão, de petrolão, de operação lava-jato para apuração e condenação de presidentes e parlamentares, tempos digitais, de tantas futilidades e inutilidades oferecidas pela Internet (com sua banda Infernet) e as tão propaladas redes antissociais.

O triunfo das nulidades. Muito pertinente essa previsão, muito prevalente esta atualidade do Rui. E nessa missão, não poderiam existir ferramentas e impulsões mais eficazes e devastadoras do que têm sido a Internet e todas as suas conexões e derivativas. Haja nulidades e gente especializada nesse mister.

Desonra e injustiça. Ninguém melhor para fazer prosperar esses atributos do que eles, exato eles, os operadores da Justiça, nas pessoas dos pretores, dos magistrados, dos togados, dos homens dos poderes judiciais. Quando vimos certas justiças sendo feitas entremeadas com outros efeitos com base em mercancias de pessoas famosas e midiáticas, endinheiradas. Ah, injustiças! Nessa hora quantas lágrimas não devem brotar dos olhos de têmis, de zeus, de gaia, de Deus mesmo, o mais justo e criador dos deuses.

Os poderes nas mãos dos maus. Temos assistido a muitas dessas cenas na vida política e administrativa das coisas públicas, das repúblicas (res, publica). De Brasil e de mundo afora. Quantos não são os homens de Estado, em estados deploráveis, para ser preciso (bem justo) que vão como que se combinando entre si. Na certa e na prática agem como potestades, como silvícolas e feras em seus domínios. Estão sempre a emitirem esturros (oratórias, explicações, discursos), justificando o injustificável. E vão se perdoando: pretores e magistrados, executivos, cada qual em seus domínios, nos seus quadros e territórios. E vão se perdoando e se arranjando. E tudo acaba em nada, nada feito. Contrafeito.

Virtudes, honras e vergonhas de honestidade. A que ponto se chegou o cenário político e social e jurídico e punitivo e ético e civilizacional. A se falar de aqui e alhures, de nós e de algures. De nossas plagas e outros rincões globais. A que estágio de honradez e civilizacional chegamos. Tanto e tanto que ser honesto se tornou retrogrado, malgrado a cultura de levar vantagem em tudo que se naturalizou no país. Que horrores.

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