A enganoterapia da ozonioterapia

 João Joaquim  

 O brasil, bem o disse certa vez, algum prócer e pensador de nossa cultura, o Brasil não é para amadores. Atribuem essa frase uma corruptela do que disse Tom Jobim: “O Brasil não é para principiantes.” Ao longo do tempo o adjetivo “principiantes” foi substituído por “amadores” e, assim, o ditado popularizou-se em diversos círculos e segmentos. E não faltam segmentos onde existem as crises, as decisões esdrúxulas, ou polêmicas, os arranjos dos diversos níveis ou desníveis da Política, das gestões públicas de toda natureza, as decisões jurídicas que soam como obviedade para as pessoas comuns. Etc, etc.

E não faltam notícias de crises ou esquisitces. Quer uma bem fresquinha, chegadinha de nova? O decreto referendado (concordado) do presidente Lula para o uso de ozônio. Está decretado pelo nosso colendo ou notável Congresso Nacional, aprovado o emprego da ozonioterapia. Bem semelhante ao decreto da pílula do câncer.

Já se sabe há mais de dois séculos sobre a molécula de ozônio. Ou seja, foi muito tempo para se saber qual sua finalidade, seus efeitos benéficos e maléficos. Vamos aqui nomear de forma breve o que seja o ozônio. Tão simples, tão conhecido das Ciências Químicas, da Física, da Medicina. Até hoje, provado que é essencial à vida. Imagina sua barreira como filtro dos raios UV vindo do sol. Ele se concentra na estratosfera, forma esse poderoso anteparo a bilhões de raios mortais, cancerígenos emitidos pelo sol. Vem daí as preocupações de ambientalistas e ecológicos do chamado efeito estufa gerado pelo CFC e CO; nesse quesito o ozônio é essencial à vida, depois do oxigênio, que quebrado (O2) junta-se outro átomo de O2 e forma o O3 (ozônio).

O que se tem de certo, provado pelas Ciências, pela Medicina, pela Química e Infectologia é que o ozônio é um bom antisséptico, empregado em indústria, na esterilização de material, de água, na desinfecção de feridas etc. Nada além. Agora, pensemos com nossos botões e fosfatos cerebrais para quem os use, uma molécula conhecida e reconhecida há mais de 200 anos. Quantos já não foram os trabalhos, os ensaios, os experimentos, as provas substanciais e verídicas sobre os seus efeitos, benéficos e maléficos. Nada mais se provou.

O que precisamos, povo brasileiro, estudantes e jovens, os curiosos do saber e das verdades? O que precisamos é não ter leseira, ociosidade, preguiça e ler mais e mais: e não crenças em fabulações, em crendices e superstições infundadas. Vamos ler as fontes das Ciências; e elas estão aí, graciosamente. Fontes creditícias e creditáveis, de Institutos e cientistas sérios, os comprometidos com as verdades e com a vida das pessoas; e não obviedades e charlatanismos que vicejam e fazem sucesso por aí. E concluamos, é estarrecedor e estupefaciente um congresso legislativo e um presidente da República, autorizar um besteirol e superstição dessas, ozonioterapia!

Enfim, o que ficam aqui registradas são essas esquisitices do Brasil. E vindas de quem legisla e nos governa, causa ainda mais espanto. Fiquemos espantados; mas, acalmem porque outras bobagens virão. Muitos hão de lembrar da pílula do câncer, a famosa pílula de farinha, composta de fosfoetanolamina. De começo um renomado químico e charlatão, catedrático de indigitada universidade paulista alardeou e recomendo-a como cura do câncer. Ensaios foram feitos e provou-se tão eficaz quanto farinha de man-di-o-ca. (mandi-oca)!

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