Teatro

 O TEATRO MAMBEMBE E DO ABSURDO

Teatro do Absurdo é uma expressão cunhada pelo crítico húngaro Martin Esslin (1918-2002) surgida no pós Guerra ; trata da atmosfera de desolação, solidão e isolamento do homem moderno, por meio de alguns traços estilísticos e temas que divergem radicalmente da dramaturgia tradicional realista. Entre os principais dramaturgos "do Absurdo" estão o romeno que viveu na França, Eugène Ionesco (1909-1994), Samuel Beckett (1906-1989), Arthur Adamov (1908-1970), Harold Pinter (1930-2008) e Fernando Arrabal (1932).

Essa referência ao Teatro do Absurdo é para mostrar certas cenas de nossa política brasileira que se não encaixam no absurdismo Esslin, se resvalam para a chacota, e digamos a um teatro mambembe e farsesco, escarninho e debochado. Um modelo clássico têm sido as comissões parlamentares de inquérito, indistintamente, só de deputados ou mistas, senadores inclusos. Temos então as CPI ou CPMI. Começa-se pelos resultados dessas comissões. Alguém já viu, teve notícias, recebeu algum benefício material ou de justiça dessas tais e quais CPIs Desconhecem-se tais resultados positivos e construtivos para a nação e bem-estar de quem quer que seja.

Tome-se o exemplo da tal CPMI da covid 19. Foram produzidos relatórios de quase 2 mil páginas. Relatórios entregues às autoridades competentes. Porque esse ponto é bom esclarecer, qualquer CPI possui a atribuição de inquéritos, de apuração, de oitivas, de documentar os crimes, intimar pessoas, testemunhas, acusados dos crimes investigados. Entretanto, não detém as prerrogativas de julgar, processar e estabelecer punição, penas pelos crimes apurados. Por isso, o encaminhamento das apurações, devidamente robustas e documentais ao judiciário, Ministério Público, Tribunais de Justiça, conforme a natureza e pessoas incriminadas e acusadas.

Foi o ocorrido com a CPMI da covid 19. Foram 6 meses de longas apurações, debates, discursos, acirramentos de ânimos, um teatro de acusações, teatro mambembe e do absurdo, diga-se de passagem, conflitos de interesses, ânimos exaltados, xingamentos, ameaças de morte, agressões verbais e físicas dos mais baixos instintos e selvagerias. Os depoimentos foram de pessoas e autoridades de altos coturnos e galardões. Relatórios finais, fartamente provados e documentais, áudios, vídeos, imagens, traficâncias, corrupção, sobrepreço na compra de vacinas, enriquecimento ilícito de autoridades, agentes de governo, hospitais. Todas essas provas entregues às autoridades competentes, de forma solene e discursiva promissória de providências. Pergunta que ressoa aos 4 cantos do Brasil: e os culpados e acusados ou réus? Não vão ser penalizados, punidos, multados, cobrados dos mais de 700 mil mortos na pandemia?

E, considerações finais. Registre-se essa cena: passa-se o teatro do absurdo ou mambembe da CPMI da tentativa de golpe, o indigitado 08 de janeiro de 2023. Basta melhor averiguar nos registros de Internet e sites de imprensa. Alguns acusados, gente mais graúda e que documentalmente e provas robustas têm muita culpa e o que explicar, etc. Essa agente de governo é intimado a depor e explicar. Eis que, acautelem-se com essa: esse indivíduo, de alto coturno, todo engalanado com os símbolos da República, pede e a Justiça, na competência do Supremo Tribunal Federal, concede-lhe o direito de nada falar na CPMI. Sequer sua data de nascimento, o estado civil, se torce pelo flamengo ou Corinthians. Um verdadeiro escárnio, deboche, desdém e menosprezo, às Instituições a que serve e recebe polpudos salários. Só no Brasil tal absurdo!

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