herança genética e...

 Certo dia desses ouvi uma entrevista de um indigitado e combativo parlamentar. O tema de fundo era as negociatas, fraudes e expedientes venais (cometimentos de faltas) para produzir os desejados resultados de apostadores em partidas de futebol. Sua opinião peremptória e asseverada era sobre esse comportamento, o caráter de um fraudador, de um estelionatário, de um caloteiro, de um subornador, um gatuno qualquer, enfim. Esse estilo de vida torto e desonesto não tem cura. Mil vezes o sujeito pode ser punido e se chance tiver, mil vezes ele cometerá os mesmos ou piores crimes, estelionatos e calotes.

E guardadas as proporções, quantos caráteres (índole, conduta, estilo de vida) nós deparamos em nossas vidas. Eles ocorrem nos mais diferentes espaços de nossas vidas. Nas famílias, nos ambientes de trabalho, nos condomínios, nos espaços festivos, nos ambientes compartilhados, nas relações sociais, nas relações “afetivas”, nos acordos conjugais (namoros, uniões estáveis, casamento).

A questão maior aqui posta, a da causa, a etiologia e causas desses tipos de gente, de pessoas, com as quais a sociedade se vê obrigada a conviver. Grosso modo, a estrutura psicológica e moral do indivíduo se faz de duas maneiras. Há duas heranças distintas e complementares: a genética e a sociocultural. Muitos sãos os atributos abstratos do comportamento como marcas genéticas. Entretanto, a instrução e formação educacional do indivíduo, forjadas pela família são determinantes (criação, instrução e formação). Cada pessoa é o corolário, o produto dessas duas heranças, a genética e a educação da família: “Todo homem nasce bom e a sociedade é que o corrompe” – Rousseau, na teoria do bom selvagem.

É com esses princípios vindos da Sociologia, da Psicopedagogia e Neurociências que melhor podemos compreender e explicar o porquê de tantos indivíduos apresentar condutas erráticas, desviantes, antissociais e recalcitrantemente reprovadas (desonestidade, corrupção, calotes). Na origem e cerne da constituição física, psíquica e de caráter, a pessoa apresentando laivos, traços, propensão ao torto e antissocial, essas inclinações podem ser eliminadas, grandemente moldadas e minimizadas com educação mais rígida, imposição de limites, instrução padrão.

Muitos sãos os tipos de condutas, de certos indivíduos; sejam de nosso convívio familiar, condominial ou de trabalho que numa detida análise de seu histórico familiar, do seu jeito de criação e formação, fica nítida essa chamada herança social, uma deformação comportamental hereditária, da família. São famílias desajustadas social, cultural e politicamente até. Porque muitos desses se enveredam por altos cargos públicos. Temos assim, o princípio de todos nascemos com o desígnio do bem e da virtude, já certas famílias, certos pais e meios....

Com essas achegas, premissas e prédicas eu concluo que expressa com muita razão e veracidade o combativo parlamentar. São indivíduos que nasceram, engordaram, foram criados e formatados nesse ambiente desviante e tolerante. Na intimidade nasceram bons e puros, mas foram deformados pelas famílias que albergam esse modus vivendi e assim morrerão sem cura. Um filhote de corvo ou abutre, jamais se tornará uma águia. Lei da natureza e ponto pacífico.

João Joaquim - médico - articulista DM 

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