Irracionalidade

 A quantas anda a irracionalidade humana, só mesmo observando os fatos, os movimentos e atitudes dos humanos. É bem sabido das Neurociências que nosso cérebro é um mau preditor, mau calculador e pior previdente. Veja-se o exemplo do indivíduo que comete um crime por motivos banais, um crime grave. Nesse expediente o sujeito até planeja o tal crime. E o faz na suposição de que vai se dar bem, que a polícia não vai desvendar, que sairá impune. Ledo, ingênuo e irracional engano. Depois vem então o remorso, o arrependimento, a confissão da fraqueza, pede-se desculpas!

De igual forma são as mentiras, as fake News, as lorotas, as invectivas, as fofocas. E então vem a confrontação, o contraponto daquelas assertivas, das ofensas. Em tempos digitais, de áudios, câmeras e gravações torna-se muito arriscado mentir, inventar supondo que não será desmascarado. Tudo pode estar registrado por terceiros e pelo ofendido. Ou seja, trata-se de um exemplo da irracionalidade humana. Outro modelo de irracionalidade: jogos de azar, loterias, cassino etc. Tome o caso de jogar na megasena. Chance de ganhar é ínfima, uma em 50 milhões de possibilidades. E a pessoa continua jogando. Segundo a estatística e a neurociência lotos, azar e megasena são impostos sobre a estupidez e sobre a idiotia humana. Todos hão de jogar (pagar), irracionalidade pura. Joga perde, perde e joga.

Em se falando de irracionalidade versus medo. Um modelo típico é o medo de avião. Quantas pessoas têm medo de voar e não de andar de carro? Especialmente em se falando de nossas rodovias, e nossa frota mal conservado de carros. Bastaria a pessoa estudar, pesquisar quantas vítimas há de acidente aéreo e de automóvel. Portanto o medo de andar de avião é um medo irracional. Sem fundamento estatístico e probabilístico. Uma das razoes de as pessoas ter fobia, medo ou pânico de viajar de avião é o impacto midiático e jornalístico que se dá das poucas quedas de aeronaves comerciais. A memória desses sinistros se dá por muito tempo.

Um outro episodio que vale a lembrança foi o acidente com o submersível que matou seus 5 tripulantes. Eles iam visitar os destroços do Titanic. Mergulharam e morreram implodidos no fundo do mar. O “submarino” não era muito seguro. E as pessoas, as vítimas foram confiantes que tudo iria correr bem. Não correu! Nesse acidente ocorre o que as Ciências e a Psicologia chamam de crença ou ilusão do controle. O piloto acha que tem domínio sobre o veículo e os passageiros confiam. E por que? Poucos casos de acidentes com essa embarcação. Ninguém se lembra quando foi o último sinistro de submarino. Confiança demais, por absoluta irracionalidade ou enviesamento (viés )cognitivo, por uma aceitação tácita e sem ter conhecimento dos riscos, ou o chamado viés de disponibilidade, a pessoa se dispõe ao risco. Todo fato que gera emoção, comoção e impacto social fixa mais na memória e a pessoa se lembra fácil, daí medo. Esta uma explicação para o medo de viajar de avião.

Por último a Ciência da Personalidade refere à aptidão e propensão que muitas pessoas trazem em se expor aos riscos de certas atividades. Temos como modelos os esportes radicais de risco. Uma corrida de automóvel, o alpinismo, uma escalação de grandes altitudes e seus perigos geológicos. Ou mesmo em certos tipos de apostas com risco de perdas de dinheiro. No esporte radical, o competidor à medida que pratica e nada ocorre vai-se arriscando mais e mais. De igual forma em uma jogatina qualquer. E então pode ocorrer um acidente, um sinistro etc. É o chamado confronto apetite versus aversão ao infortúnio, ao risco.

Posts mais recentes

Os charlatões da FÉ e da política

  Estamos em plena era de conquistas científicas e tecnológicas, e mesmo assim, como vicejam, vigoram e recrudescem as práticas de charlatan...