Imóveis e cabisbaixos adictos do celular

 Eu vivo à semelhança de muitos internautas e adictos de internet, de redes sociais; mas sobretudo a um objeto que mede cerca de 6 ou 7 polegadas por 2 ou 3 polegadas com sua telinha mágica e policromática, este objeto mesmo, o celular. Eu, a semelhança desses me faço imóvel, mumificado, paralisado, mudo. E então eu não adoto a postura genuflexa, mas por alguns momentos cabisbaixo, meditando, refletindo. Meditando, medindo e reflexivo sobre o quê? Imagine o leitor ou leitora com essas características. Muito familiar esse perfil ser encontrado e deparado nestes tempos pós modernos.

Sim, porque a modernidade já está meio idosa. Vivemos a chamada modernidade liquida, fluida, plástica, renovável, descartável. Como se caracteriza o novo homem, a nova mulher destes tempos? O jovem, a jovem, o adolescente? Espantem os mais tradicionais e mais idosos, as crianças, inclusive. Essas pessoinhas em plena formação da personalidade, das conexões neurais, das sinapses cerebrais, do cérebro, do intelecto. Elas vêm se tornando motivos de preocupação de educadores, de pedagogos, de psicólogos estudiosos da Educação, pela precocidade do uso indiscriminado de Internet e redes sociais.

Os adictos, os seguidores, os seguidos, os coerentes e aderentes, os concorrentes e sencientes do mundo virtual, da internet, dos aplicativos, games, do estado online. Todos esses indivíduos e praticantes, bem entendido, que de forma abusiva, desmesurada, viciante, alienante. Esses tais e quantos incontáveis participantes do mundo virtual nos colocam a pensar, a projetar e antever os deletérios efeitos desse novo estilo de vida virtual social. Duas considerações sobre dois grupos de viciados e alienados do celular devem ser postas, como a seguir.

Os adictos e viciados mais velhos, e os mais jovens, adolescentes e crianças; para simplificar as pessoas já maduras e adultas e os jovens em formação da personalidade, do crescimento cognitivo intelectual.

Aquele sujeito já barbado, que passou dos 40 anos, aquela senhora já mais pra lá do que pra cá, nascida depois dos anos 1970; 40 anos de idade, 50 anos de idade. E que se inebriou com a adesão e moda da internet (para alguns Infernet), que não desgruda, não separa do celular, união estável e indissolúvel. Essa pessoa não tem mais cura e volta. Abilolada e hebetada se tornou e já lhe incrustaram os gostos pelo fútil, inútil e inconsútil. Esqueçamos esse perfil, porque sabemos de sua danação da alma intelectual e derrocada evolutiva como homo sapiens.

Todavia, entrementes, no meio de tantas mentes que não enxergam um metro além do seu nariz, com esses tais precisamos preocupar. Está a se falar daquele pai ou mãe que não tem noções básicas e fundantes do que possa resultar a permissão de filhos menores ficar horas a fio em internet, redes sociais, games e aplicativos frívolos e vazios. Os filhos e filhas desses néscios e parvos pais e tutores são os lídimos e aptos candidatos a serem os próximos e futuros imbecis intelectuais, faltos e portadores de necessidades de quem os socorram quando precisar de pensar e raciocinar de forma logica e bem elaborada. Os cretinos digitais, porque só e preponderantemente só se dedicaram a essa formação, os seguidores e imitadores de outros idiotas e imbecis virtuais.

Imaginem que outra geração esperançosa seria essa geração virtual e digital, os jovens e adultos ainda em formação social, ética e intelectual. Imaginem que ao invés de ficar essa turma plugada, vidrada, fixada nas telinhas do celular se tornasse leitura de bons livros, bons textos, autores clássicos e referenciais, se fosse essa galera capaz de redigir textos com nexos e anexos lógicos e belos, poesias, prosa, pensamentos coerentes e atrativos! Imaginem como esse mundo estaria mais promissor para as novas gerações!! Imaginem!

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Eu, como todos aqueles que leem, que estudam sobre o impacto negativo da Internet e das redes sociais na saúde mental, na formação da personalidade, na constituição social, moral e intelectual do ser humano não podemos esmorecer quanto aos danos, aos riscos dessas tecnologias para as crianças, adolescentes e jovens. Sobretudo às crianças e adolescentes, faixa etária mais vulnerável, porque essas pessoinhas estão em formação psíquica, moral e intelectual. É o princípio, aprendeu certo, certo será para sempre, já aprendeu torto...

É bem sabido das Ciências, da Biologia, da Psicologia, das Neurociências que o cérebro humano tem uma enorme plasticidade e capacidade de assimilação até a idade de 21 anos. Fase essa titulada de maturação neurossensorial. Significa o que para o cérebro, para a memória e sinapses neurais? A aptidão, a sensibilidade, a vulnerabilidade do aprendizado. A capacidade de aprender e plasmar, incrustar, de gravar de forma indelével as informações recebidas.

Basta ter em consideração que ao nascer uma criança traz apenas os reflexos instintivos de sobrevivência, comuns a muitos animais: o reflexo da sucção, de chorar ao sentir fome, frio ou dor, cólicas, desconforto ambiental. Nos humanos, a criança sequer tem o controle dos esfíncteres, porque estão imaturos. Toda criança nasce sem nenhuma informação sensorial, de meio ambiente e conhecimento do mundo.

A mãe com sua comunicação, o meio ambiente, os cuidadores e pessoas à sua volta são os seus referenciais de cultura, das coisas, do mundo. Esta é a teoria empirista da tábula rasa ou lousa em branco. Todos nascemos analfabetos e destinados ao bem, ao belo, ao social, ao construtivo. A mãe, o pai, a família, a sociedade são os referenciais que vão construir, formar, educar e instruir essa criança, adolescente e jovem. Não existe nada em contrário a esses princípios na construção da pessoa.

Façamos uma analogia simples e compreensível; uma criança de 2 anos, 3 anos deve saber nomear 100 coisas, 100 objetos ou circunstâncias. Ao nascer era um analfabeto absoluto das coisas e do meio ao redor. Para aprender essa criança seguirá paradigmas, modelos, exemplos, ela vai imitando, mimetizando, copiando, repetindo as suas informações sensoriais. Vem desse conhecimento o quão determinante, decisivo o papel da mãe, do pai, ou dos tutores, responsáveis, babás, cuidadores dessa criança. A criança tomará como correta, como regras de vida, de conduta as informações e instruções que chegarem para ela pela primeira vez e repetidas vezes; como os nomes das coisas, as condutas, as normas sociais e morais. E assim, essa criança vai crescendo, adolescendo, ficando jovem, adulta, pronta, acabada e modelada de forma irreversível. “Princípio do pau que nasce reto e pode entortar”. Poucos paus (genética, síndromes).

Vamos imaginar então uma criança ou adolescente entre 10 anos e 16 anos, com um cérebro avido, sedento por informações, apto e ágil em tudo saber e repetir; em tomar cada aprendizado em normas e regras de vida. Seriam os códigos éticos e sociais nas relações humanas de toda ordem. Imaginemos então a influência para o danoso, o nocivo, o destrutivo e antissocial que uma redes social, os games, os aplicativos podem trazer a essas pessoinhas em formação da personalidade, em construção como cidadãos.

Não é sem motivos e discurso por discurso, alertas pelos alertas que estudos fresquinhos vêm chamando atenção das sociedade, dos pais, de escolas, de educadores para as consequencias maléficas, destrutivas para as crianças e adolescentes que ficam horas a fio, mais de 3 horas/dia em redes sociais. Assim, o dizem os cientistas Michel Desmurget (do Instituto de Saúde de Paris França); o médico e pesquisador Vivek Marthy, sobre os impactos negativos do uso em demasia, e precoce das redes sociais por crianças e adolescentes.

A classificada e já catalogada doença da dependência digital, a webdependência, a digitodependência, esse transtorno semelhante às dependências químicas, vem sendo tratado, conforme a gravidade com os antagonista dos opioides (morfina, fentanil). Porque o mecanismo neural é o mesmo, o vício, à semelhança do processo viciante da nicotina, do álcool, da maconha, da cocaína. Ficam mais esses alertas aos pais, às famílias, escolas, educadores.

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