Psicólogos e Terapeutas como consertadores de filhos

 Existem vários estudos a mostrar a incidência crescente e preocupante das doenças mentais secundárias. É o que mostra os Centros de Controle e Prevenção de Doenças Mentais (CDC), dos Estados Unidos. Ao que sugerem as evidências, as tecnologias mostram culpa nesse sombrio aspecto do declínio da saúde mental das pessoas, de jovens e adolescentes. Faz-se necessário saber usar as tecnologias. Estão surgindo aí as gerações do ChatGPT, os novos algoritmos, os novos apps, muita informação com pouco formação e construção do indivíduo. Famílias e escolas sugerem que estão perdendo o bonde da edificante educação e formação de nossas crianças e filhos.

As clínicas de Psicologia, psicólogos e psiquiatras, vêm se habilitando e capacitando no conserto e reparo de pessoas. São tentativas de manutenção funcional das pessoas a um padrão básico de aceitação de convivência, de sentido de vida, de relações sociais e de uma vida produtiva e independente, social, afetiva e financeiramente.

Em Medicina ou em doenças mentais ou do comportamento, fala-se em doença primária e secundária, o melhor será definir o que sejam. Sejam estas orgânicas, funcionais ou emocionais (psíquicas).

Como modelos a hipertensão arterial, esta que pode não ter uma causa definida (doença primária). Ou secundária a outra doença orgânica como uma nefropatia ou doença vascular (hipertensão secundária). As cefaleias ou enxaquecas podem existir como uma base orgânica, inflamatória e tumoral (secundárias) ou todos os exames de sangue e de imagens serem normais (cefaleia primária).

Entre as doenças psíquicas, dois são os exemplos bem ilustrativos: depressão e transtorno de ansiedade. Muitos são os casos de uma depressão ou ansiedade para os quais não se consegue nenhuma causa, mesmo de natureza social, cultural, ambiental etc. Muito menos algum distúrbio orgânico e/ou funcional. Resta então esta classe: depressão ou ansiedade  primária, também chamada de endógena.

De outro lado muitos são os quadros clínicos de depressão ou transtorno ansioso secundário. Como exemplos o luto pela perda de um parente ou pessoa afetiva, um grande prejuízo financeiro, a dispensa imotivada do emprego, o fim de um relacionamento, a não aprovação em um concurso público etc.

Retomando aqui a questão inicial e fulcral, da incidência crescente e preocupante do declínio da saúde mental, das doenças mentais secundárias. E nesse contexto sobressaem a ansiedade, a depressão, a ideação suicida e o próprio suicídio. O porquê, as causas, os fatores contributivos.

O mundo evoluiu, as Ciências prosperaram e se difundiram, as tecnologias gerais idem, as tecnologias da informação se massificaram e tornaram muito acessíveis a grande maioria das pessoas. Estas são questões sem dissenso e pacificadas.

Os direitos humanos se alargaram, as conquistas sociais e garantidas de liberdades chegaram para muitas pessoas. Vieram na caudal dos direitos humanos. Nesses quesitos não há consenso, porque nem todos desfrutam dos mesmos postulados dos direitos registrados na Constituição e legislação infraconstitucional. Código penal, civil, do consumidor, da criança e adolescente, do idoso, etc. Muitos grupos minoritários sofrem censura e ainda há a violência da discriminação étnica, a injúria racial e preconceitos vários. São questões ainda não pacificadas, repletas de conflitos e carentes de solução final.

Para concluir, mas o que tem de errado e esdrúxulo na crescente e alarmante estatística das doenças mentais secundárias, depressão, ansiedade, suicídios? Sobretudo entre adolescentes e jovens. Pode-se chamar esses males de dores, mal-estar e melancolia na saúde mental ou as dores da alma. Tudo se fundamenta e advém do canhestro, do mambembe e sinistro e tolerante processo ético e educativo praticado pelas famílias e escolas. Porque as escolas funcionam na regra do fornecedor e consumidor, a família paga e a escola entrega a aprovação do aluno; simples esta relação consumidor/fornecedor.

Temos então os filhos gerados, criados e engordados (tornados adultos) sob o excesso de mimos e proteção. Por isso está tudo dando errado, dando mal. As clínicas de psicologia, os psicólogos, os psiquiatras vêm se tornando técnicos de consertos e reparos de pessoas, de filhos malcriados, de adolescentes e jovens, de adultos mesmos, cujos pais foram incapazes nesse artesanato, nesse ofício de gerar, criar, educar e formar os filhos. Porque gerar e criar se faz com os animais. Com gente é bem diferente! Muitos dos pais das novas gerações são ineptos, inaptos e incompetentes na plena formação dos filhos. Daí a explicação do declínio preocupante e degradante da saúde mental, da formação dos filhos como cidadãos autônomos, felizes, produtivos e independentes de qualquer conserto, manutenção e remédios para voltar a funcionar. As tecnologias da informação têm muita, uma enorme culpa porque elas tornaram os filhos e filhas imunes a uma plena e eficaz monitoração dos pais. Es seus quartos, cantinhos da casa e nas alcovas, até nos banheiros, as crianças e adolescentes fazem tudo, sem filtro, sem vigilância, sem os olhares educadores e fiscalizadores dos pais. Nesse contexto, malditas tecnologias.

João Joaquim - médico - articulista DM

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