Diante de algumas indagações sobre a relação entre derrame cerebral/acidente vascular cerebral (AVC) e doenças cardíacas, delibero em registrar as respostas neste sucinto artigo. Além destas dúvidas e perguntas a mim dirigidas, o porquê de alguns exames de imagens (tomografias, ressonâncias ) ser empregados os contrastes. Por quê? A seguir explico.
A relação entre AVC e doenças cardíacas: muitas são as cardiopatias que podem formar os chamados trombos, microtrombos ou microembolias. As principais são: as arritmias cardíacas e as cardiopatias que levem à chamada insuficiência cardíaca. Além destas, as doenças do miocárdio ou das válvulas. Como exemplos, a arritmia muito comum de nome fibrilação atrial, que pode ser sintomática ou silenciosa; as miocardiopatias como doença de Chagas ou doença coronariana. Estas citadas, as predominantes na Cardiologia. Outras doenças como fibrose miocárdica, cardiomiopatia hipertrófica, tumores cardíacos e endocardites constituem causas mais raras.
Toda cardiopatia ou arritmia com ritmo irregular, pulsos fracos, bradicardia/pulsos lentos e irregulares (ex fibrilação atrial) são as de maior risco. Por quê? Essas cardiopatias levam a um batimento cardíaco irregular, a uma contração miocárdica lenta ou irregular. Com isto, há formação de microtrombos nas cavidades cardíacas (átrios ou ventrículos); trombos podem sair do coração , irem para qualquer órgão vital como pulmão, cérebro, e obstruir artérias e arteríolas que nutem esses tecidos. O cérebro é o órgão mais vulnerável, com isquemias, AVC, com sequelas ou não (distúrbios da fala, paralisias de membros).
Como se faz o diagnóstico dessas cardiopatias em pessoas sadias ou com sintomas de um AVC transitório, de poucos sintomas neurológicos, sem sequelas? Numa escala de importância seriam o eletrocardiograma, uma gravação de ritmo de 24 horas (gravador) de nome Holter ambulatorial, um ecodopplercardiograma, um ecodoppler das carótidas e dos vasos de pernas. Um ecocardiograma via esôfago. Na grande maioria(90%) dos casos preventivos ou para tratamento definitivo, estes exames são suficientes. Obs esses citados exames, todos de risco quase zero, não invasivos.
Outros exames de imagens, a exemplo de tomografia de coronárias, ressonância e cateterismo cardíaco seriam solicitados para casos específicos e selecionados. Pode-se afirmar que seriam em doenças mais raras e ainda assim, após feitos os exames acima comentados.
O uso do contraste em exames de imagens. Existem os contrastes muito eficazes e de baixo risco de toxicidade: renal, alergias, intolerâncias etc.;. Como saber se o paciente tem alergia ao contraste? Pode-se fazer um teste antes do exame, de alergia, tolerância ou não ao composto; e deve ser feito em ambiente apropriado, caso surja uma alergia mais grave. Por que do uso de um contraste? O objetivo é dar mais realce e definição das imagens para detalhes diagnósticos. Os médicos, solicitante e executor dos exames, definem e indicam esse adicional. A alergia a algum contraste pode ir de uma simples urticária, tosse, prurido cutâneo; até um choque anafilático( alérgico) com edema de vias respiratórias. Para tanto bastaria uso imediato de antialérgicos venosos, kit emergência, suplemento de oxigênio via cateter nasal e/ou intubação traqueal.
Como conclusão: como prevenir esses riscos ou relação AVC /doenças cardiacas? Nas pessoas normais, jovens ou mais idosos: os check-ups habituais anuais/ sugestão: um teste ergométrico com eletrocardiograma, exames básicos de laboratório. Se portador de hipertensão ou alguma cardiopatia, o cardiologista indicará alguns exames adicionais, conforme perfil de saúde e presença de comorbidades.
Para quem teve alguma manifestação de derrame ou AVC, transitório ou sequelas. Reporto-me aos exames citados no texto. Um alerta e orientação das mais importantes: Com exceção da hipertensão, pouquíssimas doenças cardíacas (ex infarto) têm influência hereditária. Toda pessoa adulta, sedentária ou ativa, deve ir ao cardiologista. Este planejará a frequência dos retornos para revisões. A maioria das arritmias e/ou cardiopatias que formam coágulos ou embolias têm tratamento preventivo e curativo; eficazes e de baixo custo e riscos mínimos de efeitos adversos.