MULHERES QUE FIZERAM A DIFERENÇA
João Joaquim
Nossas vidas, imagine essas pessoas, Elizabeth, Donaldo. O que elas podem ter em comum. Nada melhor para entendermos as relações humanas, mergulhando em suas histórias, suas biografias, por onde passaram essas pessoas. Não levar em conta seu status social, seus projetos de vida, como foram seu processo educacional, em que ambiente familiar viveram de como eram os hábitos de seus pais; todo o seu entorno social, as influências, os laços, o contagio com o que nos trazem outras pessoas.
Os estudiosos, os geneticistas, os cientistas do genoma humano. O que dizem eles? Eles têm o seu lugar, o seu peso. Todos os viventes são constituídos dessas magníficas partículas, desses admiráveis códigos dos quais ninguém escapa. Com uma ressalva das mais incontestáveis. O que o DNA, o que os cromossomas nos codificam, com poucas exceções pode ser remodelado quando a questão se refere ao comportamento , ao caráter , ao estilo de viver, as motivações desse e aquele ato, dessa conduta; seja ela condizente com as aceitações e padrões do bem e do mal..
Instigante e envolvente são ao estudar o comportamento, o caráter das pessoas, seus expedientes, seus mecanismos de existir no mundo, seu estar no mundo. A busca a todo custo para se mostrar a normalidade; ainda que essas balizas sejam as fora da maioria das pessoas, do que seja como um imperativo categoria de relação profícua e benfazeja, onde inseridas e convividas essas pessoas.
Em estou degustando o que foram duas eximias escritoras formidáveis e medonhas que foram as britânicas Virgínia Woolf (1882-1941) e Jane Austen (1775-1813). Duas mulheres admiráveis, muito além de seus tempos, com visões e registros atemporais. Austen, escreveu e dissertou muito sobre o papel da mulher, o que representava para a sociedade, e como ela considerava o amor, as relações afetivas, os recônditos ou explícitos mesmo sobre essa relação a dois.
Austen escrevia sobre mulheres e sobre gerações. E escolhia como protagonistas jovens que precisavam abrir caminho ante tudo isso. Destes jovens, ela se ocupou mais das mulheres, criaturas sem qualquer poder ou destinação que não o casamento; muitas vezes, prisioneiras da ignorância, da vida sem perspectiva ou ilusões, assombradas pela decrepitude física (antes dos 30 anos, naqueles tempos) e pela dependência econômica. Jane Austen colocava o amor como uma questão importante, mas o via por meio de um caleidoscópio, pois ninguém ama ou é amado romanescamente, sempre há um motivo no subterrâneo. O difícil relacionamento amoroso com a família na fase adulta é, para a autora, um tema tão forte quanto à busca de um amor companheiro para construir um novo núcleo familiar. Ah Jane Austen. Fico a imaginar se Machado de Assis a leu, entre seus autores. Ou quem sabe, por metempsicose, ela teve contato com o espirito e alma de nosso Bruxo do Cosme Velho. Muito parecido em algumas criações.
Na abertura de primeiras impressões ou Pride and Prejudice disse ela :É verdade universalmente admitida que um homem solteiro, possuidor de boa fortuna, deve estar precisando de uma esposa”. (JANE AUSTEN). Essa famosa frase de abertura do livro Orgulho e Preconceito de Jane Austen indica o tom sardônico que a autora usará durante todo o romance.
Ambas autoras, Virginia Woolf, e Austen, quanto atualidade, vemos nessas prolíficas e caleidoscópicas autoras, com os arranjos, com as relações conjugais de hoje. Passadas dois séculos de Austen, quantas não são as estatísticas que vemos hoje, pactos, nos convênios e aparências conjugais, buscadas, e mesmerizadas pelas mulheres, nada mudou, Jane. Você sobrevive com suas análises certeiras, pertinentes, bem acertadas, ainda hoje.