Hoje, veio-me à mente em escrever sobre as oligarquias vigentes do Brasil. Mas, antes um pouco sobre a palavra. Ela vem do grego, olig(o) significa pouco, minoria, pequeno número, escasso. Quando se fala no âmbito político traz a conotação de casta, grupo privilegiado, governo de poucos. Todavia, por um efeito semântico, refere-se também aos estratos socioeconômicos com privilégios de soldos (os militares), salários e benefícios vinculados aos cargos e funções. Atributos bem encontrados, quase exclusivos do Brasil.
Existem várias outras palavras no Português com este radical oligo. Oligúria, redução do volume urinário nas 24 horas; Oligofrenia, rebaixamento da inteligência ou retardamento mental e oligoquetas. Este termo, oligoquetas, alude-se à classe das minhocas, os anelídeos. E oligo porque são poucos anéis, com poucas cerdas e segmento cefálico indefinido. Por isso são os chamados animais sem sentido porque não têm pés nem cabeça. Muitas coisas e asserções, se comparam às minhocas por isso, sem pés nem cabeça.
Se tomarmos algumas oligarquias políticas do Brasil, elas se parecem com minhocas, pelo que fazem. Corrige-se em tempo: pior do que as oligoquetas porque estas ainda enriquecem o humus produtivo, do qual também tiram o sustento e criam túneis subterrâneos arejados onde vivem e procriam de forma hermafrodita.
Basta comparar com certas oligarquias, que mandam e desmandam pelo país e nada fazem. Ou melhor, algumas até fazem muito mal à nação. Elas vão deixando vários legados negativos e destrutivos para os sucessores que nunca vão dar conta de reparar os estragos dos antecessores.
Para melhor compreensão e comparação pode-se dividir as oligarquias brasileiras em dois grupos distintos: as privadas e as públicas. As privadas são compostas dos ricos; por herdeiros de grandes fortunas, por empreiteiros e empresários. Desses aqui lembrados muitos são aqueles corruptos, corruptores e corrompidos porque estabelecem acordos para pagamentos de propinas aos agentes públicos e juízes que os absorvem, que os protegem. E todos saem ganhando e obtendo dividendos. São as parcerias ppp, público-privadas-produtivas. Eta paisinho bom de se viver, não é!
O Brasil é um país sui generis porque tem muitas riquezas e poucos ricos. São grandes fortunas nas mãos de poucos ricos. São grandes patrimônios de poucas pessoas. No âmbito público existem as oligarquias de alguns cargos das administrações dos governos Federal e Estadual. Tome-me o exemplo de empresas estatais como a Petrobras e a Eletrobras. As agências reguladoras, os órgãos do judiciário.
Na atividade militar. Além de muito bem remunerados eles gozam de muitos privilégios. São heranças e culturas vindas do Brasil Império, da colônia (capitanias hereditárias, sesmarias da Igreja Católica); e continuam vigentes. Tomem-se outros modelos de oligarquias, os servidores dos tribunais superiores. STF, STJ, TCU. Todos os servidores são tratados como uma casta ou estrato funcional superior. Salários de marajás. E alguns ainda são treteiros, mercadores de calotas de carros (caloteiros) e inadimplentes nos empréstimos. Na Índia Antiga, existiram as castas sociais, os nobres eram os brâmanes, os miseráveis, os párias. Alguma semelhança com nosso Brasil, de hoje.
Por fim, a oligarquia dos políticos e seu séquito de auxiliares. Aqui não se trata apenas dos cobiçados salários por eles auferidos, mas as infindáveis vantagens, auxílios financeiros e outras regalias (regalias, privilégios e coisas do rei, já traz esse significado). E não contabilizando o chamado caixa 3. Trata-se de modalidade de propinas que muitos recebem de empresários, empreiteiras que prestam serviços onerosos e “relevantes” à nação. Tão relevantes que alguns ficam inacabados, popularmente chamados de elefantes brancos ou viadutos que levam a lugar nenhum.
Esses, em resumo os oligarcas do Brasil. Ricos, empresários, militares, servidores de certos órgãos públicos e os políticos.