EXECUTIVOS ABUSADORES

 Não precisa de nenhum exemplo mais emblemático, robusto e simbólico da dissociação ou separação entre o grau de formação escolar de um indivíduo e seus qualificativos éticos, sociais e morais. Esta constatação e robustez de convencimento se fundamentam no caso ora em curso dos assédios moral e sexual do ex-presidente da Caixa Econômica Federal. Este caso clínico e social se adiciona a tantas evidências dos Estudos e Estatística da matéria em questão. Título escolar, formação profissional superior nos diplomas, mas na convivência, um grosseirão, troglodita e sociopata da pior estirpe

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Conforme vários depoimentos, áudios e denúncias, esse alto executivo da Caixa praticava dois tipos de ilícitos ou crimes: assédios moral e sexual. São acusações gravíssimas que o Ministério Público Federal, e ministério público do trabalho já estão investigando, com inquéritos, com pedido à Diretoria da Caixa das denúncias recebidos e as providências adotadas, se foram adotadas. São denúncias desde a posse do presidente, ano de 2019.

O que esperam as vítimas, a imprensa, grupos feministas, de Direitos Humanos e a sociedade é que tudo seja apurado nos âmbitos administrativo e jurídico e que haja reparação às vítimas e punição exemplar dentro das normais legais de ampla defesa e do contraditório.

E assim, como o caso em foco aqui da Caixa, ocorrem em outras empresas públicas e privadas, corporações (civis e militares). São casos e reclamações dos mais odiosos e repulsivos atos de assédios morais e sexuais. E em face da estatura funcional, hierárquica ou socioeconômica dos acusados nada de punitivo lhes acontece. Situações existem em que até a vítima é que se passa por culpa e litigante de má fé, mentirosa e fofoqueira, chegando a tornar-se a inquirida e processada. Fatos e excentricidade, não exclusivas, mas, muito comuns do Brasil.

O presente registro desse ex executivo da Caixa, de natureza policial, administrativa e jurídica nos traz à baila duas questões inerentes à nossa sociedade, ao que é humano (apesar de feio e repulsivo) e não a ele alheio. E não se trata de um patrimônio (apanágio) do Brasil, embora aqui seja bastante encontrado.

Uma, já referida de começo. Que é a separação ou independência entre a formação, diplomação e titulação escolar da pessoa e seu cabedal social, ético, civilizatório e moral. Em ouros termos: quantos não são os indivíduos que na sua biografia, no curriculum vitae trazem os qualificativos acadêmicos de certa formação profissional, mestrado, doutorado etc., todavia, na convívio social, nos ambientes corporativos são grosseirões, rudes, mal-educados e que não respeitam o básico dos preceitos de convivência e de dignidade humana.

Por último em consideração, é uma questão de Psicopatologia e Psiquiatria. Muitos desses indivíduos (os dois gêneros) necessitam e deveriam ser tratados nos estudos e terapias dos desvios e distúrbios de sanidade mental e social. Tais perfis de comportamento constituem no mínimo modelos de sociopatias. Todos padecem de alguma forma de afecção mental e social.

E aqui uma diferença enorme subjaz no íntimo e valores morais dessas pessoas. Elas fazem o que fazem tendo ciência e conhecimento dos ilícitos e delitos praticados. Muito diferente de outras psicopatias tradicionais como a esquizofrenia, porque são de fatos doentes da mente e não sabem o que fazem nos surtos psicóticos, por isso inimputáveis.

Esses abusadores e transgressores das regras de convivência social sabem nitidamente o que estão fazendo, eles têm conhecimento dos ilícitos e delitos cometidos. E com um adicional registro a se fazer, muitos deles não vão ser atingidos pelas leis, pelo judiciário. Para tantas e graves acusações, esses criminosos podem constituir ótimos criminalistas que sempre engendram a tese de que seus clientes são pessoas normais. “Ah, é o jeito dele se portar com outras pessoas, muito expansivo, simpático, brincalhão”. Na maioria dos casos denunciados, nada de punitivo ocorre a esses recalcitrantes assediadores e abusadores de mulheres. Por isso aquele velho slogan? Êta paisinho bom de se viver.

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