Data festiva, toda ela traz um significado e encerra um significante. Não importa qual! Mas, algumas trazem mais alvoroço, mais alegria, muita participação popular. Enfim, algumas não se comparam com outras em magnitude, em simbolismo, em ajuntamento de pessoas. Assim, nesse paralelo de uma com outra temos o carnaval, a Páscoa e as mais coloridas e aclamadas: O Natal e Ano Novo. Não é, à toa, que são chamadas festas de passagem de ano. São como uma renovação de ciclos, de novos capítulos nas vidas das pessoas. E de fato o é.
Todos correm freneticamente para compor a principal mesa de alimentos, a ceia de Natal e Ano Novo. E aqui eu aproveito a deixa e faço outras considerações paralelas que na mente e análise das pessoas e coletividade passam ao largo, sem valor de que natureza são essas referidas comemorações, na cultura, na saúde, no simbolismo de cada um.
Para começar, a História não tem registro e certeza de data do nascimento do personagem Jesus de Nazaré, O Cristo e Salvador. O dia 25 de dezembro foi uma convenção e criação da Igreja Católica, encampada por governantes (imperadores romanos) e sociedade, e assim ficou.
Lá no mundo persa já existia uma festa pagã dedicada ao Deus Mitra, correspondente ao Sol, O Sol invictus (Invicto) ou invencível. Era a influência do solstício de inverno ( ou verão) bem observado pelos povos do norte, onde o tempo de luminosidade solar é curto. São os povos nórdicos, Noruega, Finlândia, Islândia.
Posteriormente, os romanos através de imperadores da época e papas oficializaram essas datas, isso em meados do século IV, como datas cristãs, e 25 de dezembro ficou cravado como a data de Nascimento de Jesus.
A própria figura do papai Noel tem outra origem. Em nada a ver com o nascimento de Jesus. Há ligação, sim, com a figura benfazeja da pessoa de são Nicolau, bispo da Turquia e que tinha hábitos de fraternidade e generosidade com os menos favorecidos. Era um samaritano em boas ações, um franciscano.
A seguir, em belo lampejo mercantilista, comercial e propagandista da indústria Coca-Cola foi criado o boneco do papai Noel, o bom e generoso velhinho de barbas nazarenas, com o seu saco às costas, bojudo e repleto de presentes destinados às crianças. Basta observar o quanto o biotipo e as cores do bom velhinho Noel lembram as aparências e formato das grandes garrafas de Coca-Cola. Uma solução de água doce caramelada, cheirosa, gás carbônico, sal e muitos aditivos químicos, conservantes; nada saudável. Notadamente às crianças que se tornam viciadas no refrigerante. O poderoso marketing é tanto que há uma conexão de festas, seja infantil ou adulta com o refrigerante Coca-Cola.
É bem provável que uma latinha de Coca-Cola faça mais mal do que um copo de cerveja. Aqui, ao menos há vitaminas do complexo B, pela fermentação e cevada.
Natal e ano novo com fartas ceias, almoços, mesas coloridas e frutas, carnes, bolos, doces, açúcares, bebidas, champanhes, vinhos. É quando e onde todos se repimpam, se empanturram do bom e do saboroso, todo esse cenário e lufa-lufa, das pessoas, se tornam um laboratório para outras análises e reflexões. Envolve as noções do que sejam a realização, o prazer e até a obtenção da felicidade de muitas pessoas, dos convivas dessas festas. O simbólico, o significado e significante passam ao largo nas mentes de muitos desses comensais, convivas e convidados. Ah, como passam; todos querem se fartar, se refestelar dos saborosos pratos.
Esses encontros e festanças do mundo ocidental, com muitos liames e conexões com o mundo capitalista e consumista, demonstram o quanto a realização de prazer e felicidade das pessoas estão centrados nesse instinto primário do paladar, do apetite, da satisfação pura e simples do digestório. É o regozijo da boca e do baco (deus do vinho e das orgias gustativas) através das ingestões e más digestões alimentares e libações alcoólicas de toda ordem, da Coca-Cola e muita comida. O risco são as intoxicações alimentares, as hepatites alcoólicas, as ressacas do dia seguinte.
Há dois expedientes bem simbólicos desse prazer e felicidade. Existem aqueles comilões que se gabam por participar de duas ou mais ceias de Natal, na mesma noite. Outras existem que para a enxaqueca do dia seguinte, compram previamente os medicamentos para mal-estar e dor de cabeça. Enfim, são cenas de nossos tempos, e que lembram os costumes dos comilões da época da decadência do Império romano. Foi quando Nero, após tantas orgias e festas incendiou a própria cidade. Hoje há certos governantes que andam fazendo coisas piores. Paranoia pouca é bobagem.