AS REDES SOCIAIS COMO A ESCOLA DA HIPERMODERNIDADE
João Joaquim
Ao deparamos com uma pessoa e estabelecemos com ela uma relação social devemos ter em mente a diversidade, as diferenças que essa pessoa traz em relação a nós. Ela traz o que se chama alteridade. Ela nunca será como nós. O caráter, a índole, a conduta, os valores dessa pessoa podem ser semelhantes, possuir alguns dados em comum, mas jamais equivalentes aos nossos.
Um excelente princípio nas relações humanas é aquele de não exigir mais do que aquela pessoa tem e possa nos oferecer. Nesse ponto reside a chave de muitos conflitos entre as pessoas, nas diversas formas de relações humanas. Sejam estas no âmbito de trabalho, nas relações conjugais ou parentais. Cada pessoa em si é o resultado, o cabedal, o conjunto que ela recebeu de herança. Em primeiro lugar da mãe, primeira pessoa de que recebemos as primeiras influências sensoriais, depois de outros contatos sociais.
As ciências, a Medicina fetal, já de algumas décadas já estudam e conhecem a comunicação que se dá entre a mãe e o feto. Este nascituro já identifica a mãe pela voz, pelos gestos e reflexos do dia a dia. É desse conhecimento que se sabe o quanto essa figura , a mãe, exercerá de influência em nossas vidas, em nosso futuro.
Não é sem razão que prevalece essa regra, essa lei sobre o caráter, sobre a personalidade e valores portados pelo indivíduo. Se queremos conhecer melhor uma pessoa basta estudar com minúcia a sua biografia. Qual é o cabedal cultural da mãe, dos pais, do ambiente familiar e doméstico dessa pessoa. Convicentemente cada pessoa é o dividendo, o produto final do que é a família, não apenas no patrimônio genético e biológico, mas de igual forma, no social, no emocional, no cultural e de caráter e valores éticos e morais passados pelos familiares como um todo: pais, irmãos, babás, cuidadores.
Existe na história dois pensadores lumiares no estudo do comportamento e caráter da pessoa. Os filósofos Aristóteles e Rousseau. Para Aristóteles, a virtude e a honestidade são dois atributos que devem ser ensinados, treinados e praticados. Rousseau é o autor da teoria do bom selvagem. A ideia da sua teoria é essa: nós somos frutos, o resultado de nosso meio social. Da sociedade como um todo e da sociedade familiar.
O comportamento social determinante na formação social, cultural e moral da pessoa é a família. O que se aprende de certo ou errado com os pais, da intimidade do domicilio paterno costuma ser para sempre. Nossa mente, nossa memória para as coisas boas ou más funciona como um CD-R; grava uma única vez para sempre e não se apaga mais. O aprendido torto e feio fica indelével.
Com a invenção da Internet e das Redes Sociais a sociedade global ganhou este novo compartimento social que muita influência exerce nas novas gerações. Essa nova Escola Global faz as pessoas pensar conforme as regras desse espaço social. Este grande compartimento social passou a ser a grande “Escola” dos tempos da hipermodernidade. Os numerosos e crescentes usuários das redes sociais ganharam voz e vez. Eles falam o que e como querem. Liberdade plena. Ainda que platitudes, frivolidades e xingamentos, mas falam.
Por todo o exposto, fica este princípio: não se exige de uma pessoa além do que ela tem e pode dar e expressar. Seria exigir demais, muito além de suas potencialidades; e isso traz conflitos, desavenças, inimizades.