NOSSOS PROFISSIONAIS DE MANUAIS DE INSTRUÇÃO
O aqui sucinto artigo versa sobre a formação profissional universitária. Eu início o texto com a afirmação de que não se faz mais profissionais e doutores como antigamente. Não se nega que grandes foram os avanços físicos e tecnológicos nas Instituições de Ensino. Aumentou igualmente o número de universidades e faculdades. O que não se deu na mesma proporção foi a qualidade do ensino em todos os cursos superiores. Trata-se de um fato que tem suas raízes lá no ensino primário e fundamental.
Formam-se até muitos mestres e doutores; todavia quando se avalia a formação cultural “lato sensu” e humanística desses complementos de pós graduação ela é precária, ela é segmentada, seletiva, muito especifica e altamente concentrada naquele título, naquela área escolhida pelo formando. O indivíduo se forma como se tivesse uma viseira, um antolho, ele não vê nada além do mínimo exigido.
Nesse contexto independentemente da formação acadêmica, o que seria desejável para qualquer carreira profissional? O ideal seria o detentor de que título for, que essa formação complementar abarcasse como exigência curricular conhecimentos, ao menos basilares, em Sociologia, em Filosofia e dois ou mais Idiomas estrangeiros. E esses fundamentos não se veem nas formações de mestrado e doutoramento.
E para trazer mais elementos e substância para a baixa qualidade de ensino universitário basta abstrair daqueles(as) poucos que buscam fazer mestrado e doutoramento em suas áreas. Ou seja, os formandos fora dessa pequena leva de pessoas que procuram carreira de licenciatura para serem professores (ensino fundamental ou universitário). Imaginemos aqui três profissões de nível superior muito requisitadas ou concorridas no ENEM e Sisu das universidades. A quantas anda a formação do advogado, do dentista e do médico? Todas essas três categorias profissionais são exemplos cristalinos de quantidade vultosa e qualidade duvidosa dos egressos desses cursos.
Pegue o exemplo do advogado. Ele tem um curso de 5 anos, os livros e manuais para estudar, os códigos, as leis. Ao final algum estágio e exame de OAB e vai para o mercado de trabalho. O dentista idem. São 5 anos, ao final alguma especialização, obtém a sua expertise naquele segmento escolhido, algum manual das técnicas aprendidas e vai cuidar da boca dos outros. O médico segue o mesmo padrão. Faz uma residência, quando faz, registra no CRM e vai trabalhar. De tudo ele aprendeu ao menos 50% (nota 5 para aprovação). Se faz residência, em geral 2 anos, tanto melhor. Cardiologia, cirurgia plástica, intensivista.
O que se conclui da formação desses doutores e profissionais é a constante que vem regendo e norteado a sua carreira. No curso de graduação eles seguem em comum uma cartilha, o mesmo compêndio, as mesmas apostilas, hoje quase tudo em formato digital, e-book, etc. Fazendo um comparativo do advogado com o médico: no Direito há os códigos e leis; na Medicina existem as Diretrizes ou protocolos e os códigos dos procedimentos e das doenças (CID). Enfim, para ser advogado e médico, o que se exige como formação? Saber ao menos esses códigos e protocolos. A formação para esses profissionais, a licença para eles atuarem como tais se resume e se encerra em ler e interpretar bem esses manuais de uso e de instrução. Como se fossem manuais de instrução de um micro-ondas ou máquina de lavar roupa.
E o mais triste e melancólico: muitos aplicam mal, muito mal os manuais básicos trazidos das universidades. Basta ver as estatísticas de erros médicos e a qualificação das petições e peças dos advogados recém formado.