João Joaquim
Um dos grandes sonhos da humanidade sempre foi a velocidade. Hoje, este sonho se concretiza quando pode-se vencer as enormes distâncias, chegar a pontos longínquos , mesmo em outros planetas através de naves espaciais. Outra grande conquista é a pronta e instantânea comunicação.
A internet e a telefonia móvel são exemplos bem nítidos da eficiência e celeridade destes meios de contato.
Com os instrumentos de mídia, hoje popularizados no mercado, muitos outros serviços também massificaram-se e se tornaram acessíveis a todas as classes sociais. Caso das mídias digitais, e o celular de múltiplas funções.
São estas tecnologias, avanços significativos de ramos das Ciências (Química, Física quântica). Mas, qual o real e substancial sentido dos equipamentos e recursos destas conquistas no tocante ao lado social, educativo, e cultural do ser humano, sobretudo de crianças e jovens? Será que num país com índices tão assombrosos de analfabetismo absoluto e funcional estes recursos de mídia contribuem para melhorar a educação e a cultura das pessoas?
De minha parte e modesta interpretação, responderia às duas indagações de forma negativa. O convívio com as diversas camadas sociais, a observação diária das relações interpessoais levam-me a concluir que os instrumentos de mídia mais alienam, mais desumanizam, mais isolam, mais embrutecem e mais desvirtuam do que adicionam valores construtivos às pessoas. Nesta perspectiva e análise, nossas crianças e adolescentes são as grandes vítimas da vilania e sanha das indústrias e mercado destes gêneros de consumo aliciadores e tão propagados no nosso dia -a- dia.
Para ilustrar essas assertivas tomo como exemplos os celulares, e tantos aplicativos da Internet. Neste contexto, basta ter em conta as mesmas inteligências, os mesmos desígnios dos inventores da faca de cozinha, da foice ou do avião. Criados para o bem, para ajudar nas ações humanas, no trabalho, podem se tornar instrumentos de destruição, de agressão e morticínio. Tudo vai depender do espírito dos usuários, das mentes e intentos das pessoas que os empregam.
Os aparelhos de mídia ilustram como eu posso distorcer o lado útil e construtivo das invenções . As pessoas em geral, com poucas e saudáveis exceções, têm banalizado o emprego, sobretudo de celular e da Internet. Há como que uma neura, uma aderência pernóstica, daninha e fútil no manuseio dessas mídias. Tornou-se um vicio, uma futilidade, um apego obsessivo-compulsivo a forma como jovens e adultos fazem uso desses recursos. O indivíduo se isola, se enjaula, na dependência ferrenha e sem limites no emprego de seu celular, de seu tablet e na conexão da Internet. Não há mais diálogo com palavras entre as pessoas. Elas vivem grudadas aos celulares, aos fones para audição de suas músicas ou no mundo virtual da Internet. As relações pessoais se tornaram frias, desinteressadas e maquinais.
Parece injustificável e pura maluquice o individuo que até numa missa, num confessionário, numa consulta médica, não possa desvencilhar-se por alguns minutos que seja de seu celular. Criados para o bem , para o conforto, para nossos contatos de boas relações , o celular, os aparelhos de mídia e a Internet vêm cada vez mais distanciando e desumanizando as relações humanas. Tendências estas que pais, educadores e órgãos educativos precisam urgentemente repensar e buscar o uso mais pedagógico e racional, pelos riscos de danos maiores e sem retorno às nossas crianças e adolescentes.