os vícios de linguagem e crimes de leso-idioma

 Imaginemos nos primórdios da humanidade no que toca à comunicação. Havia a fala, a palavra, a emissão dos sons articulados conforme os objetos nomeados. E não havia a escrita, os sinais gráficos. Inventaram as letras, os sinais, as palavras, o texto. A fala transformada em sinais escritos, registrados. Crê-se que os idiomas primitivos eram bem rudimentares, precários, sem regras gramaticais. Havia o som padrão: para cada coisa, um som bem característico. Não se tinha a prosódia, nem ortoépica. E certamente nem prosápia. As pessoas eram simples. Cada um com seu igual; lé com lé, cré com cré. Fala-se aqui de espécies e gêneros idênticos.


Segundo o ex Ministro do STF, Marco Aurélio Melo, “vivemos tempos estranhos”. O indigitado magistrado não se referia a questões de comunicação. Disse sobre questões menores atinentes a outros juízes de instância menor.  Mas, quero pegar essa frase para me referir aos tempos digitais onde nos encontramos imersos e suas esquisitices. Observemos bem a cultura geral das pessoas. Nem se fala dos estratos menores da sociedade, os ditos menos letrados. De gente que frequentou bancos de boas e renomadas faculdades, públicas e privadas. Então vêm as esquisitices e torpezas.

Muitas vezes ou sempre, pessoa que detém um cabedal, um padrão cultural normativo. Tanto nos diálogos orais, corporativos e funcionais, quanto ao redigir um texto no Idioma formal. É de se horrorizar com o que se lê. Mas, fixemos nas falas comuns, nas rodas e mesas informais, em casa ou fora. Tomando um exemplo de uma pessoa mais qualificada, cultural e tecnicamente. Esta pessoa é olhada com estranheza e vista como retrógrada!

Em uma troca de informações, se esta pessoa cita certos princípios, palavras, conhecimento técnico ou científico de que natureza for etc. Logo, o interlocutor franze o sobrolho, fecha a expressão; e se for da intimidade até repreende, por ouvir essas informações. E nada por vaidade ou exibição de conhecimentos. Simplesmente, essa pessoa mais afeita a uma linguagem mais elaborada e técnica, tem o recurso de mudança de assunto, futebol, reality show, redes sociais. Para haver algum diálogo com o outro.

Vamos aqui imaginar nesse diálogo de pessoas que cultivam saberes desiguais ou de “gostos diferentes”. Muito diferentes! O interlocutor mais polido e de bom padrão cultural geral, cite um Machado de Assis, uma Clarice Lispector, uma Jane Austen, um Gustavo Flaubert, um Nietzsche. Pronto! É o suficiente, para o outro ou outra, enrugar a teste, ficar meio muda. E ser aquela saia justa e até mostrar certo desconforto dialógico.

Em suma e para pasmos de algumas pessoas mais pensantes de bons e cultuados gostos de linguagem, que se encanta e extasia com as Ciências, com a Linguagem mais elegante e construtiva. Essas pessoas por vezes se vê estupefata com as esquisitices e platitudes, quando não, as chulices e chocarrices ouvidas em rodas de confraternização, um café, um jantar, encontros, reuniões. Quantas e quantos homens e mulheres, que são advogados e outros bacharéis e profissionais de belos diplomas. Entretanto sugerem que fazem doutorado permanente em linguagem e cultura de big Brothers, de Instagram, de facebook e outras estultices e frivolidades de dar nojo e engulhos!

E ai de algum contradita-los, porque é o que prospera, o que se curte e vale em tempos tão estranhos e esquisitos em tudo. Inclusive nas comunicações e mensagens mais formais. Um verdadeiro horror! Arre, vade retro! São crimes de leso-idioma, lesa-linguagem.

 

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