Esculturas e autoretratos de idiotas

 Uma questão que merece uma profunda reflexão de momento é a relação que as pessoas (a maioria delas) estabeleceram com as tecnologias da modernidade. Mais critica e massivamente com as tecnologias da informação, de comunicação e entretenimento. Alguns feios e degradantes adjetivos podem ser atribuídos a muitos dos atuais usuários, dos abusados e adictos (como drogados) de Internet, redes sociais, games e smartphones. Mais parecem zumbis, indivíduos embrutecidos, maquinais, robóticos, mumificados.

Trata-se do fenômeno do embrutecimento maquinal de grande parte de usuários de redes sociais, mídias e telefone celular (não mais com função de telefonia, mas de conexão internet, estado online permanente). Esse nocivo fenômeno da adicção digital, tem criado figuras e silhuetas humanas curiosas e típicas dos viciados nesses objetos, aplicativos, redes sociais (ou antissociais) e jogos eletrônicos.

Muitas pessoas (jovens, na maioria) criam poses e silhuetas que dariam curiosas e bizarras esculturas paralisadas, olhos esbugalhados e grudados nas telinhas. Tornam-se mumificados, estáticos, muitos com sorrisos abertos e bobos; como que contemplando espetáculos mímicos e teatrais de circo, trejeitos circenses. Quando ao certo, são imbecis, palhaços e no papel de ridículos e risíveis; são os usuários de telefone celular, redes sociais, fotos, vídeos, curtidas. São imagens, cenas, notificações dos tempos de internet, redes sociais, futilidades, frivolidades, coisas e cultura dos ditos e malditos tempos digitais.

Quem conhece com gosto e cultura os muitos artistas e escultores de idos tempos e de agora, pode até indagar: o que pensariam ou fariam de obras e esculturas, como representativas desses tipos sociais digitais de hoje, artistas como um Auguste Rodin (1840-1917), com a magistral escultura “O Pensador de Rodin”, de a porta do Inferno.  Ou Bobbie Carlyle, com seu “Self Made Man”? Certamente que essas atitudes dos adictos e toscos digitais dariam boas e exóticas esculturas. Fazendo uma paródia do “self made man”, de Bobbie Carlyle, uma escultura representativa dos idiotas digitais poderia se chamar “jerk made man”. O homem (ou mulher) construindo um idiota.    

                                                       

                   

 Façamos um paralelo. O pensador, de Rodin. Uma escultura de um homem nu, uma mão descansa no joelho, a outra apoia o queixo. Uma profunda reflexão. Ela, a escultura da porta do inferno, estuda, analisa, contempla as figuras do ínfero. Simbólica.

A outra escultura, o homem em busca de si mesmo, de Carlyle. Um homem emerge da pedra bruta com uma talhadeira e marreta, na construção permanente de si mesmo, em busca de sua eterna evolução, interminável. Figs abaixo.

                                

         

O pensador (A. Rodin)                      Self made man (bob Carlyle)

 

O homem ou a mulher (gente madura, rapaz ou moça) de tempos digitais e redes sociais. Jerk made man (or woman). Onde estiver, esse indivíduo assume essa figura escultural, atitude estática, o pensamento em produzir a pose e imagem ideal, enviar aos “amigos e contatos”, amigos nunca vistos presenciais, em seguir, ver os likes, as notificações dos parabéns! As comidas, os pratos, os ambientes, tudo sorriso, sempre alegria, hilaridade, diversão, prazer. Nada além. Intimidades, sem pudor, sem recatos, sem decoro facial. Foram-se esses valores e vergonha. É proibida a seriedade, a disciplina, a ordem. Liberalidade em tudo. Libertinos e liberais, confundem-se, fundem-se.

Atentem-se para essa escultura humana: Mãe ou pai, sai com filhos pequenos e nas praças e parques. Filhos curiosos se perguntando e admiráveis com a Natureza, pai ou mãe, celular na mão, se rindo das fotos, notificações, poses, vídeos, bizarrices, chocarrices, frívolos, fúteis dados de burrices. Perdoem-nos os mulos e asnos. Culpa do sistema. Esculturas de os Jerk made man; ou self made idiotas!

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