Quem faz um cidadão ou vilão é a família

 Como é construtivo um bom leitor ou um bom escritor se abeberar em eternas fontes, em autores atemporais, quando se trata de boa literatura e criação! Imagine uma imersão em consagrados escritores e filósofos como o foram Platão, Sêneca, Marco Aurélio, Epicteto, Plotino. Escritores como o foram Machado de Assis, poetas como o foram Castro Alves, Augusto dos Anjos, Drummond de Andrade. Os romanos Horácio e Petrarca. E tantos outros desconhecidos. Olha essa por exemplo: “Somos capazes de, ao caminhar pelas ruas, desviar sem problema de fezes caninas ou felinas; contudo encontrar fezes humanas é motivo de asco ou distanciamento” – Mário Sérgio Cortella

 “Nada do que é humano me é estranho – Terêncio-  poeta latino. Uma citação dessa nos remete a várias chaves de reflexão. Mário Sérgio Cortella, educador, filósofo e escritor; merece ir para a ABL. Ou não merece? Muitos acadêmicos da ABL, antes de vestir o fardão, deveria provar de fato ser benemérito desse galardão. E não ocorre!

 

Analisemos essa reflexão: nunca devemos nos exasperar, criticar e exigir de uma pessoa mais do que ela pode nos oferecer! Vamos buscar amparo para essa análise, em um ensinamento de Aristóteles. Esse Filósofo grego, se tornou tão importante para a humanidade que ele era chamado de O Filósofo; uma referência para os seus colegas de então e de sempre. Ele foi tão modelar em muitas reflexões, Ética como exemplo que ele escreveu um livro para educar o próprio filho, Nicômaco; livro intitulado Ética a Nicômaco. Esse pequeno e magnânimo livro mostra o valor e peso da educação.

Aristóteles dava enorme significado à Educação, às relações sociais, tanto pessoais como animais e ambientais. Atentemos nessa reflexão dele: “ Nenhuma pessoa nasce ética, a criança é aética”. Significa que ninguém se faz sozinho, família educa ou não!

Significa simplesmente que Ética é um conjunto de valores e atributos que deve ser ensinado à criança. E esses valores devem ser treinados desde a infância. Infância (infante, in fan, não falar) período quando a criança ainda não fala. Não de expressar palavras, articular os vocábulos, porque isso ela faz a partir de um ano de vida. Infância, ausência de discernimento, de distinguir o certo do errado, o belo do feio, o honesto do desonesto. Não ter esse critério da escolha, em se constituir pessoa integrada e útil.

Ora, aqui está o cerne dessa análise. Novamente: não se pode exigir de uma pessoa mais do que ela é capaz de nos dar, de nos oferecer. Nesta compreensão, basta ter em consideração e conta que cada indivíduo é resultante de duas heranças magistrais e determinantes. Primeira herança: a genética, imodificável. Pode ser moldável, adaptável, mas quase sempre infalível, matemática. Segunda herança: a social. Esta herança na interpretação aristotélica é fundamental na construção da pessoa. Essa é uma ideia e teoria que vão ao encontro da filosofia dos empiristas como John Locke e David Hume. Para os quais todos nascemos iguais em potencial, a educação é que determinará quem será o sujeito.

Comparativamente, as pessoas comuns compõem os membros de uma olimpíada da vida. Sua aptidão, sua capacitação, seus desempenhos vão depender de como essas pessoas (ainda jovens, moços e moças) foram educados, preparados e instruídos para os embates da vida, que são desafiantes e difíceis. O grau desses desafios vai depender de como os pais, as mães, os tutores, os circunstantes, irmãos, colegas, mestres treinaram essas pessoas. Cada qual é fruto e membro olímpico desse certame chamado vida e existência. Se mal preparado, mal treinado, malcriado, mal instruído; principalmente pelos pais, essa pessoa se mostrará frágil, sem expediente e incapaz para as tarefas mais ordinárias e vitais.

Tome o caso concreto e encontrado de uma filha, ou filho que se mostra desadaptado e não competente e inapto aos cuidados de higiene e alimentação de um idoso parental, um pai, um avô. Que se diz não ter jeito e habilidade para essa generosidade, esse dever parental e genético! Imagine! Aristóteles e Rousseau explicam. Simples, faltou a instrução ética, a educação familiar mais elementar: os expedientes de sobrevivência, de convívio solidário, de partilha de ônus e bônus. Simples, direto, inteligível. Pense!

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