Inumanos e bestificados

 Existem certas questões que devem ser tratadas pelos ramos científicos próprios e nas especialidades certas. E já indo direto ao ponto. Estamos neste mês de maio de 2024, assistindo a uma das maiores tragédias vividas pelo Estado do Rio Grande do Sul. As enchentes dos rios regionais, dezenas de mortos, milhares de desabrigados, medo, humilhação, sofrimento, fome, condições precárias em abrigos etc.; E vem a questão central aqui tratada. Não é de ver que existem pessoas desocupadas e perversas divulgando notícias falsas sobre a tragédia! Mentiras, fake news, boatos, propagação de medo, factoides.

Essa questão, a dessas mentes perversas e doentias, deve ser estudada na Psicopatologia e na Psiquiatria. Mais precisamente seria próprio, que identificados os autores, feitos os inquéritos, como os já em curso, esses casos deveriam ser estudados, em auxílio à Justiça, pela Psiquiatria Forense. São comportamentos mais do que criminais.

O livro “Os Engenheiros do Caos: Como as Fake News, as Teorias da Conspiração e os Algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições”, escrito por Giuliano da Empoli, traz uma perspectiva clara e simples sobre o que significa “fazer política” em nossa sociedade contemporânea. Diante de uma leitura rápida, torna-se possível enxergar o quanto a arte da “politicagem” agregou-se a seara de uma terra ainda tão desordeira quanto um bom Western dos tempos antigos.  Segundo estudiosos, uma notícia trágica é até 70% mais compartilhada que uma boa notícia. E, com base nesse fato, percebeu-se que é possível contaminar milhares de pessoas com uma propaganda caótica, e, ainda em tempo recorde. DA EMPOLI, Giuliano. Livro:  Os engenheiros do caos: como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições. 3. ed. São Paulo: Vestígio, 2019. 

O que fica certo e de muita convicção é que as pessoas que praticam esse tipo de desinformação sofrem de profundas doenças do afeto, da estima, da solidariedade e reconhecimento da dignidade do outro. No mínimo. São mentes distorcidas, são consciências doentes, são sentimentos patológicos e muito patológicos.

Existem em vários ramos filosóficos, doutrinários e religiosos a crença e convicção de que por mais perversa que seja uma pessoa. Pelo pior crime que ela tenha cometido, essa pessoa tem o potencial de expressar e praticar algum bem, alguma virtude, um farrapo de bondade que seja. E justamente nesses postulados e proposições é que está a beleza e pujança da vida. Vem dessa concepção, os princípios e garantias dos Direitos Humanos. Do contrário, estaríamos diante de um sistema da lei de talião, olho por olho, dente por dente. Olhe o risco de todos cegos e desdentados!

É o que se vê, assiste e recebe em uma Democracia Plena. Onde todos são tratados de forma isonômica. Art 5º da Constituição Brasileira, todos são iguais perante a lei. Se alguns ou muitos não são beneméritos dessa previsão legal, a questão está em quem pratica os Direitos Humanos e a Justiça. São as autoridades, os gestores públicos, os governantes de todas as subscrições, magistrados, ministros, legisladores e representantes do povo.

Em conclusão dessa pequena resenha. Pessoas que ante a dor alheia, a humilhação, mortes inesperadas e trágicas como as registradas nessa tragédia climática do povo gaúcho, essas pessoas que divulgam mentiras, desprezo, desinformação estão fora da classificação de gente humana. São gestos e atitudes abomináveis, repulsivas e altamente reprováveis. São espíritos dos mais vis e ignóbeis de que se tem notícia. Inumanos e bestificados.

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