pais que poupam

 

Pais e mães que poupam 

Poucas pessoas sabem de onde veio a estratégia da Poupança ou Caderneta de Poupança. Essa forma das pessoas economizar um dinheirinho todo mês. Foi ainda na Império, sob a batuta de D. Pedro II, que aliás era um governante muito democrático, culto e humanista. Ele tinha lá seus arrufos e maus humores, mas qual governante sério e honesto que não tem os seus humores alterados. Basta ver a origem da palavra humor, os 4 humores segundo Hipócrates e seus discípulos (a bílis amarela e negra, a fleuma, a linfa, o sangue). A poupança foi então decretada e iniciada sua prática lá pelos anos de 1861-2. De início Caixa Econômica Federal, depois estendida para o banco do Brasil, etc, etc. O nome caderneta anexado à prática, é porque nos primórdios, era feito o controle em um caderno pequeno, caderneta, com entradas e saídas.

Muito interessante é como as pessoas usam os termos, as palavras, sem saber a origem, o porquê da coisa ou coisas. Quantas siglas são faladas pelo vulgo, pelo baixo clero, sem esses atinarem para seus significados. São os casos de SUS, INSS, INPS, SELIC, GARI, etc. Muitas são as palavras que trazem uma origem curiosa. Basta gostar de ler, pesquisar, se inteirar e interessar. Aliás, em se tratando de leitura e leitores, pensam os estudiosos das novas tendencias culturais que esse hábito e seus praticantes, os leitores, estão em risco de extinção. Com a digitalização de toda informação, serão uma classe restrita de pessoas, os leitores e leitoras. Porque com a inovação das Tis, tudo está nas palmas das mãos, nos smartphones. Precisou? só buscar! Haverá um problema: quando for preciso de redigir, de escrever alguma coisa. Contrata-se alguém.

É o exemplo da palavra poupança. Segundo os filólogos renomados, fala-se em teses e muito verossímeis. Ela vem de palpar. Mesma origem desse verbo. E por que? Quando as pessoas precisavam comprar alguma coisa, elas tocavam de leve, apalpavam suas bolsas ou bolsos para saber se ainda tinham muitas moedas. Era uma avaliação das reservas do metal, do precioso metal. Houve uma transmigração do sentido, de palpar, para poupar. Curiosa origem. Pode-se imaginar no sentido de sovinice, de avareza, do popular mão-de-vaca (avaro). Não é isso.

E então quanto se fala em Idioma vivo, que ele está sempre em mutação e obtenção de novos signos e significados, temos este belo exemplo da palavra poupança. E vamos aqui a ideia central desse artigo e micro ensaio. Poupar então ganhou a semântica de livrar, proteger, privilegiar, acobertar. Basta ver esse sentido da frase: fulano foi poupado de tais gastos, desses excessos, desse desgaste, desse constrangimento, de contribuir para tal feito e empreitada, o filho ou filha foi poupada dessa notícia etc. 

Está aqui então a se expor e trazer à baila uma questão por demais presente na Psicologia Familiar e na Psicopedagogia.  Conforme estudos sociais e paleontológicos todo ser humano tende à liberdade de ação. Não basta aprofundar no que expressam a Filogenética nem a Ontogenética. Grosso modo, a filogenia estuda a evolução das espécies, a ontologia estuda o indivíduo, sua evolução isolada, dentro da espécie. Todavia, como afirmou o zoólogo Ernest Haeckel, definida nos finais do século XIX: "A ontogenia recapitula a filogenia." Tema este que precisa outros artigos e descrições

Não perdendo de perspectiva o mote central aqui proposto. Muitos são os modelos familiares na educação dos filhos: o modelar e padrão com limites, instrução de moral e cívica intra e extrafamiliar, o padrão de que educação e formação integral se faz de forma eficaz e produtiva com a escola de regras e princípios de civilidade dentro da própria família; e aquele modelo (duramente criticável) da poupança dos filhos de toda forma de esforço e limites do agir, das relações humanas quaisquer, fora e dentro da família. Etc. etc.  neste último modelo e criticável tem sido então muito empregado o termo poupança dos filhos. Meu filho não pode, não deve lavar o tênis, não pode limpar o seu quarto de dormir, não pode cooperar nos cuidados de ordem e limpeza da casa. Sequer o sanitário onde os pimpolhos depositam suas excreções fétidas e podres, etc. Poupança dos filhos em tudo. Até mesmo, de dinheiro porque ele vai precisar de uma previdência privada, para estudar, para ter seus objetos dos desejos vendidos pelo sistema, pelo mercado do consumo e fútil. Tudo isso. Muitos pais e mães, notavelmente essas, as mães, são por demais mães ternais, que mimam e mal criam os filhos, os peter pans modernos, eternos adolescentes e frágeis filhos, que nunca produzem, não trabalham, tiram um diploma e deixam-no empoeirados, para sempre, estagnam.  

 

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