E assim, palestrava o brilhante psicólogo positivista, Fauler Visconti, em simpósio social na PUC são Paulo. Afirmava: “desconfiem sempre de quem, a pretexto de afeto e apreço (a amigos e parentes próximos), emprega sempre os inhos e linhas no trato pessoal, com muitas pessoas. No íntimo e nos escaninhos morais de muitas dessas pessoas, estão outros motivos recônditos e intencionais. Aquisição de guarida, amparo e assentimento para seu estilo de vida e sociabilidade”. As palavras, muitas delas, trazem quando empregadas uma advertência do caráter, da índole do interlocutor. Acautelem-se sempre desses tais e quais sujeitos e parentais.
As
princesas têm que tomar um cuidado todo especial quando se vestem. Esses dias
li que uma que ganhou o título ao se casar com um príncipe da Grã-Bretanha não
pode usar calças compridas em público em pleno século 21. Saias e vestidos bem
rodados são a vestimenta adequada mesmo quando a "princesa" tem
apenas 8 anos, 10 anos, 12 anos e, a caminho de uma festa do amiguinho da
escola, chora porque queria ir ao buffet infantil de calça de
moletom. "Mas todas as suas amiguinhas vão estar de vestido,
filha!". Quanto mal essa mãe faz!
As
princesas ganham sempre os mesmos brinquedos - é só procurar por eles
observando as caixas rosas na loja. São panelinhas, ferros de passar roupa,
fogõezinhos, geladeiras e bonecas, muitas bonecas, geralmente bebezinhos que
elas têm que amamentar, colocar para arrotar e trocar a fralda. Não há kits de
laboratório, carrinhos, aviões, espaçonaves para as princesas. Todas as
princesas nasceram para ser mães e deveriam ficar em casa, lavando, passando e
cozinhando em seus castelos.
“Já os
meninos, esses também sofrem na semiótica do príncipe. Não podem se
emocionar, "menino não chora! Você parece uma menininha."Quantas
namoradinhas esse neném já tem?', ouvimos da família uma vez, quando meu
filho só sabia falar gugu, Dadá. Começar a vida sentimental/sexual
cedo também é antídoto para "não virar viado". Ai, ai, a vida de
príncipe também não é nada fácil- Palavras de renomada psicóloga.
O mais
grotesco é que há sempre aqueles adjuntos, tios e tias, padrinhos que também se
engajam nesse comprovado autoengano. Os meninos parentais, têm esse reforço
parental, de pessoas, que a pretexto do agrado, do afago, dos mimos, contribuem
destrutivamente, para o não amadurecimento dos protegidos e mimados. Então para
alguns haja somatotrópicos, terapias alternativas, rebarbativas, pernósticas,
silabadas, manjadas. Ai, ai, ai. Muitos psicólogos e terapeutas se tornaram
consertadores de filhos e filhas que não vêm sendo corretamente formado. A
maioria é apenas criada e malcriada!
O
resultado de séculos tratando as meninas como princesas-recatadas-do-lar e os
meninos como homens-machos-provedores é catastrófico. Já os meninos, os
príncipes, que passam a vida sem lavar um copo no mundo da imaginação e também
na vida real viram aqueles maridos médios que a gente conhece, são meio homens
em vários itens de cidadania responsável e de honestidade, inadimplir , um
verbo bem ao caráter desses tais. Que tristeza, não?
Uns príncipes. E as consequências de uma vida
sem poder chorar, ser frágil ou de sequer reconhecer que têm sentimentos foram
muito bem pontuadas pelo psicólogo Alexandre Coimbra do Amaral: várias gerações
de homens que simplesmente não sabem lidar com os desafios de uma vida adulta
(Departamento de Psicologia da Unifesp).
Claro que
cada uma cria o filho do jeito que quiser, então se você acha que sua filha tem
que ser "princesa" e seu filho "príncipe" vá em frente. Mas
tenha em mente como tal estereótipo é limitante, injusto e castrador. Pode ser
ainda pior se o seu filho não se encaixar em nenhuma dessas ideias
preconcebidas por ter uma outra percepção de gênero de si mesmo ou uma
orientação sexual diferente das tais princesas e os príncipes das histórias
infantis - aí será um inferno viver em uma família como a sua e em um país como
o nosso, que mais mata LGBTQIA+´s no mundo e pensa que essas questões 'se
resolvem' na porrada. Ou na oração. Atenção, spoiler: é com políticas públicas,
segundo a ONU que se resolve grandes questões aqui postas, com escolas, com
pais mais maduros e educados e educadores. Mas, tudo feito a tempo e hora.
Arre! Esperança!