O APRENDIDO TORTO É PARA SEMPRE João Joaquim

 Bem comparado, toda espécie de aprendizado da criatura humana se faz nos moldes e caráter de alguma coisa indelével, inalterável e permanente, substancialmente quando ele (aprendizado) se dá na infância e juventude, fases da plasticidade e maturação cerebral. Aprendeu está aprendido.  Tais noções e conhecimentos advém da própria natureza, da fisiologia e composição dos seres vivos, dos minerais e coisas brutas. Nesta consideração e certeza basta ver as cores, as consistências e resistência de cada ente animal, mineral. Assim, se dá também no cérebro humano

Tome cada fruta, cada vegetal, cada réptil, ofídio, pássaro. Suas características, suas nuances, manchas, listras e pigmentos são indeléveis e permanentes. Como nesses quesitos e noções ninguém vai pensar ou opinar de forma diversa, vamos agora aos humanos, ao seu aprendizado, seu caráter, a conduta, os valores nas relações pessoais e com o ambiente ao redor.

A criança nasce com sua memória, sua mente e cérebro inteiramente em branco, não gravados de nada. Nada sabido, aprendido e informado. E ato contínuo, pregada e conectada com a mãe a prover-lhe a leite para sustento e os cuidados higiênicos. Aos poucos essa cria, essa criança em crescimento, vai aprendendo, assimilando o que cheira, o que degusta, ouve e vê. Sendo os pais com baixa instrução escolar ou bem-informados e formados não há plano B, com eles a criança vai se instruir e formar os seus conhecimentos e padrão cultural e escolar. É a primeira escola, a lhe ensinar as regras da vida, da convivência, das relações humanas, de sua estadia em sociedade e no mundo. Não há escolha e escola mais infalível, para o bem ou para o desastre do indivíduo, a Escola dos pais.

Suponhamos que os arquivos de instrução e cultural da família são precários. O ensino formal escolar pode pouco melhorar essa criança, porque os fundamentos éticos e sociais oferecidos pelos pais já estão impregnados, enodoados na memória e cérebro da criança, desse jovem. Dessa consideração são uníssonos os pareceres psicopedagógicos e neurocientíficos da linguagem de que o sujeito, a pessoa sofrerá as consequências (boas ou más) do arcabouço e legado ético e cultural do berço, dos pais, da casa, do lar e domicílio onde essa criança foi gerada, criada e educada. Ética, social e culturalmente. Legados indeléveis e permanentes, diz a Ciência.

Nessa perspectiva e análise é que se pode deduzir. As lições, o aprendizado, os valores morais, os hábitos que a pessoa adquiriu quando criança, adolescente e jovem são como nódoas ou manchas, marcas de um vegetal que se impregnam em um tecido ou roupa. Impregnada naquele objeto, essa mancha (boa ou má) tem a vocação da permanência, de imutável, resistente. Dificilmente será eliminada, apesar do uso de detergentes ou outros dissolventes químicos. O mesmo se dá no aprendizado do indivíduo. Cresceu torto, risco de torto permanente.

De igual forma e natureza se constatam esses registros na memória e cérebro das pessoas. Seus costumes, seus hábitos, suas crenças, seus tíquetes, seus trejeitos, suas baldas sociais, seu modo e etiqueta do convívio são indeléveis. Muitos são os indivíduos que são refratários e imunes a qualquer mudança para correção ou melhora. Todo esforço se torna inútil e debalde no aprimoramento desses tais e quais sujeitos. Muita vez esquece-se desses princípios nas relações conflitantes com outras pessoas. Olhe bem sua família, sua origem, os legados e heranças genéticas e sociais dessa inadaptada pessoa. Ela pode não ter culpa.

As explicações e causas desses defeitos sociais e culturais quem as fornecem são a Psicologia Social e Laboral e as Neurociências. O cérebro, a mente e a memória têm muita plasticidade e assimilação até os 21 anos de idade, quando a pessoa se encontra em fase de maturação física, orgânica e neurológica. O que se aprende aqui, para o bem ou para o mal (social e profissionalmente falando) dificilmente será apagado. Há, assim, o que chama a Psicologia de impregnação cerebral, como se fosse uma nódoa permanente, impagável, indestrutível. Aprendeu torto, torto viverá.

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