O PORQUÊ E QUANTO COMER
João Joaquim
Um dos grandes erros alimentares da população de pessoas acima do peso ideal está no objetivo da ingestão alimentar. Por que comemos o que comemos e o quanto precisamos comer? Todos os ramos da Medicina que tratam das doenças ou espectro mórbido do excesso de massa corporal têm esta certeza. O que falta é a transparência, a clareza e objetividade de cada profissional de saúde, em dizer ao paciente que procura orientação para emagrecimento.
A pergunta objetiva é esta: você ingere comida para que? Trata-se de uma pergunta emblemática, de clareza meridiana. A partir dessa franqueza e lealdade bilateral (paciente / profissional) o enfoque, a abordagem diagnóstica e terapêutica se torna mais fácil, direta e ética. Em todos os segmentos profissionais se vê muita enganação, muito charlatanismo, pseudociência, muita embromoterapia(gíria), nessa que deveria ser uma postura muito mais séria, o tratamento da obesidade.
E aqui, já de plano há como melhor recomendação tratar o cliente ou doente e não a doença em si. Temos aqui um outro desvio de formação e objetividade de muitos profissionais e terapeutas. Tratar doença é fácil. Para tanto basta abrir um livro, as diretrizes ou até o dr. Scholar Google , lá se acham os fluxogramas e algoritmos para toda enfermidade. Seria como a Medicina, via despachante, semelhante ao kit covid do governo federal.
Recebido o paciente no consultório, necessário se faz nunca se preocupar de início com o seu peso. Nada de balança no começo da consulta. Conhecer a pessoa, sua história familiar, seu currículo pessoal de saúde. Enfim, buscar de forma meticulosa as causas do excesso ponderal e então fazer a pergunta capital, de todas a mais importante. Você como para que? Muitas podem ser as respostas sem uma reflexão mais pausada. Eu como para matar a fome; eu como porque tenho bom apetite; eu como porque sou bom de mesa e garfo.
Certamente a resposta esperada mais sensata, coerente e científica seja aquela referente ao objetivo da nutrição. Eu como para me nutrir bem de forma qualitativa e quantitativa. O que comer, como comer e quanto comer.
O maior erro da população obesa está justamente no objetivo da ingestão de alimentos. Os alimentos, as comidas de todos os gêneros passam a ser fontes de prazer, de muito prazer imediato. O alimento se tornou até um lenitivo, um ansiolítico e bálsamo para as dores da alma, para o sofrimento psíquico e emocional.
As próprias mães, babás, avós e cuidadoras buscam nos alimentos, nos doces, nos biscoitos e chocolates um expediente de recompensa para os choros e birras das crianças. Tal fonte de prazer, de calmante e recompensa se perpetuará na vida adulta. Milhões são os obesos (as) que em estado de ansiedade e depressão ingerem mais alimentos do que a cota nutricional. Um erro alimentar trazido da educação infantil, de uma cultura familiar em fazer da mesa, da cozinha, do fogão, da geladeira, dos comes e bebes a única, a maior e constante razão e expediente de alegria, de prazer, realização e até fonte cotidiana de felicidade. É o império da boca e do baco na construção maior do deleite, entretenimento, festas e prazer e bem-aventurança.