FIXAÇÃO E DEPENDÊNCIA EMOCIONAL
João Joaquim
Há um consenso entre muitos estudiosos e profissionais de ciências e disciplinas de humanidades que todos aqueles que no seu labor diário tenham como foco de trabalho as pessoas devem ter conhecimentos de psicologia. Pode ser a psicologia geral. Como boas noções da psicanálise. Estudar os fundamentos da psicanálise de Freud. Um pouco de Charcot e Carl Jung também ajudaria muito.
Ninguém melhor do que Freud nos estudos do desenvolvimento da criança nas questões relativas a personalidade, na passagem(fases) da maturidade sexual. Conforme uma dessas fases ficassem mal resolvidas haveria o risco da chamada fixação. Seria a pessoa quando adulto ter canalizada sua libido para aquele órgão de transição de prazer – basta lembrar – fase oral, anal e, por fim, a genital. Para quem queira revisar essas mudanças basta acessar as centenas de artigos e ensaios científicos sobre tão instigantes matérias. Vale a pena, repito para os profissionais de saúde em geral.
O registro desses estudos de Freud e seus discípulos foi com o pretexto de falar de outro fenômeno emocional, psíquico que acomete muitas pessoas. E fica como uma marca de sua personalidade, de seu comportamento. Sequelas possíveis do mesmo processo de fixação da infância, nas suas mal resolvidas maturação sexual. É como se aquela energia vital libidinal houvesse de alguma forma sido armazenada para se manifestar na sua fase adulta. Mas agora de alguma forma com manifestações diferentes.
Dia desses assistia a uma palestra de saúde psíquica, a temática da psicanalista era exatamente um tema correlato: fixação ou dependência emocional. Tal distúrbio é muito mais comum do que imaginamos. A questão está nos dois lados, as duas pessoas envolvidas, enxergarem este fenômeno. Uma profissional que também aborda com propriedade esse desvio comportamental é a psicóloga Cristina Bonsani da Beneficência Portuguesa SP.
Hoje com as mídias e com a tecnologia da informação, o fenômeno da fixação ou dependência emocional é muito mais patente e presente nas relações humanas. Porque os instrumentos de mídia, exemplo o celular, se tornou muito mais fácil o contato virtual. Em geral a pessoa acometida do transtorno na verdade se escuda no seu celular, na seu whatsapp, no seu facebook, etc. E a pessoa do outro lado, a escolhida como alvo que aguente a sufocação, o assédio, as dezenas de chamadas, de posts, de mensagens as mais frívolas, as mais raras nessas comunicações. E então resta aquela pessoa bombardeada com tantos contatos, com tanto assédio, com tantos pretextos dos contatos rever uma saída. O que essas vítimas podem fazer? Bloqueio do contato. Ser franca do quanto mal essa tóxica relação está causando. Ou nada fazer. Eis a questão!
Esse transtorno social, esse epifenômeno e doentia relação é muito mais prevalente do que imaginam nossas vãs filosofias no convívio diário. São casais, cônjuges que se separaram, namorados, amigos e parentes, as pessoas envolvidas nos dois lados.