A TRAGÉDIA DE NOSSA FAUNA E FLORA PELAS QUEIMADAS
João Joaquim
Algumas cenas em nosso cenário geográfico e político vem chamando a atenção do Brasil e do mundo. Aliás, corrijo-me, chamando a atenção da sociedade, mas nem de toda categoria de gente. Porque existe uma classe de pessoas que está, como dito na gíria, pouco se lixando se o circo estiver pegando fogo. Penso logo que muitos que me leem já sabem de quem estou falando. Eles. Justamente eles, os homens do poder. Refiro-me mais estritamente aos homens do presidente da República, e ele próprio, o mandatário major (ou seria capitão?) do Brasil.
Quando digo circo pegando fogo, significa uma metáfora real, o circo, no caso é de fato o país, que se não está inteiro virando cinzas é graças à bravura, a ousadia, ao patriotismo de muitos e muitos brasileiros que estão a apagar os incêndios, que vem devastando áreas imensas de florestas, de pastagens, de campinas, de parques naturais, de preciosa flora em diversos estados do País. E o mais grave, dizimando milhares de espécies vegetais, queimando de forma inclemente uma fauna preciosa. Vejam as cenas que a todo dia são reprisadas das queimadas pelo Brasil a fora. São cenas pungentes, de cortar o coração até mesmo daqueles mais céticos, duros e insensíveis.
Ver centenas de animais silvestres sendo queimados, esturricados, outros mutilados e fugindo das labaredas, sem água, sem alimentos, com fome e sede é de dar engulho e dor que nos tocam a todos.
E então vêm nossa indignação, nossa decepção, nossa incapacidade de fazer alguma coisa, nós , os que estamos longe dessa tragédia ambiental. Nossas lamentações e tristeza é porque quem poderia fazer muito, fazer mais, sequer tem pronunciado sobre todos esses danos de difícil reparação.
Em Brasília, centro do poder, não está pegando fogo, literalmente não há nenhuma chama, nenhuma centelha a mover os espíritos e corações dos homens, dos ministros, dos auxiliares; enfim, do séquito do presidente. Todos estão a salvo. Sequer incomodados por alguma cobra naja.
Ali bem no coração do Brasil, o que vemos todos os dias? Potentes aeronaves, carrões, batedores, servos e servidores à disposição, comida farte regada a bons vinhos, champanhes, caviar, lagosta, camarões, mobília importada, salas luxuosas e climatizadas, caravana de seguranças e muitas outras regalias e mordomias. Para que incomodar? Fogo nas florestas e nos rabos dos bichos é como pimenta nos olhos dos inimigos. Refresco.
Uma segunda questão curiosa, curiosíssima; digo até mais, instigante e grave. O perdão pretendido pelas igrejas, do pagamento de impostos e tributos. Pretensão é direito de todos. Assim dizem a lei, a constituição. O código tributário, etc. Agora, o presidente da República e quem sabe o congresso autorizar essa anistia, soa, sugere, salta aos olhos da sociedade como uma decisão absurda, desigual, não isonômica. Soa esquizofrênica, se isso for permitido pelo congresso. No mínimo.
Tal disparate ou insanidade, o de tornar igrejas, todas as igrejas, isentas de pagamentos de impostos por lucros, ofertas e doações torna-se em um gesto de desumanidade, absurdo e sem nexos, desconexo com a presente realidade de momento, o curso sem data para acabar da pandemia da covid 19. É o mínimo que acham, neste momento os brasileiros não políticos. E até mesmo muitos políticos e governantes do bem, aqueles que governam para todos.