Como um Prédio

 

 A CONSTRUÇÃO DA PESSOA HUMANA

João Joaquim  

 

Muito se debate sobre o processo educacional do ser humano. E não sem razão. Basta imaginar, embora singelo, o princípio de que ninguém nasce pronto. Aliás, uma criança nasce com todas as deficiências fisicointelectuais. Ela nasce apenas com alguns instintos comuns a outros animais. Chora por leite e agasalho, por dor, urina, defeca e mais nada. Aos poucos com o desenvolvimento, inicia-se o aprendizado, estimulada pela mãe, por uma cuidadora, tutora, não importa quem. Nesta reflexão basta lembrar que se uma criança é criada por um casal surdo-mudo, surda-muda ele se tornará. Assim se dá no reflexo da marcha, do andar, de iniciar as primeiras vocalizações, da fala, etc.

Feitas essas breves e simples reflexões, vamos ao tema principal do artigo que é a educação, a formação do indivíduo, desde o nascimento até a sua vida adulta; , a sua independência social como sujeito do mundo, ou ao menos de seu mundo, de seu entorno, de seu pedaço de chão.

Ao se trazer o tema Educação à baila muito útil e adicional é trazer alguns ilustres pensadores da formação da pessoa. Como exemplos Jean Piaget, Paulo Freire e Jean Jacques Rousseau. Deste último temos por exemplo a teoria do bom selvagem com a emblemática frase: “Todo homem nasce bom a sociedade é que o corrompe”.

A educação dever ser sempre entendida como um processo de transformação do indivíduo, do sujeito/autor de seu próprio destino, desse autor ir além de sua existência. Conforme teorizou Sartre a existência precede a essência. A pessoa não nasce, se faz pessoa pelo que ela vai receber de ensinamentos e educação desde os primórdios de vida. E aqui torna-se de importância fulcral, determinante, a participação da família, através, em primeiro lugar dos pais, tendo a mãe como protagonista neste processo transformador. Potencialmente o indivíduo quando nasce tem um duplo potencial, para o bem (boa educação) ou para o mal (ausência de educação). Entendido Educação como todos os expedientes adotados no sentido de ensinar, de adestrar, de habilitar essa criança para a vida de adulto, como sujeito de seu próprio destino, sua trajetória de vida.

Todos os estudos antropológicos, sociológicos, ontológicos e filogenéticos atestam, são síncronos e uníssonos de que cada pessoa é fruto, é o resultado, o corolário do meio social. Meio social este geral, amplo, genérico. Todavia, um meio social seletivo, particular e determinante se chama família. O núcleo familiar é o eixo mestre, a espinha dorsal na formação do indivíduo. Nesses termos todos os especialistas de humanidades são concordantes que a primeira e fundamental escola da pessoa humana se alicerça nos valores familiares. “Dize-me qual é o cabedal, os qualificativos morais, éticos, sociais e até econômicos de sua família e eu dir-te-ei o que serás!”

Nesses termos e dentro de tais incontestes assertivas, pode-se cravar sem a mínima chance de dissenso e erro que cada família no seu mister, no seu expediente, no seu jeito e padrão de educar um filho, e aqui não cabe o adjetivo educar bem, porque a educação, como referido, já significa um processo de boa construção do indivíduo. Assim, a família que educa ou não um filho está atribuindo a ele uma sentença de uma vida boa, lato sensu; ou ao contrário, pela ausência de educação, de tolerância aos maus hábitos, a ausência de limites de comportamento, a falta de disciplina;  essa família está propiciando a que esse filho que se torne um cidadão( ou anticidadão) inútil, vagabundo, improdutivo e até delinquente.

Por isso, eu firmo e reafirmo que quando um sujeito se torna criminoso, de forma intencional, voluntária e dolosamente, junto com esse sujeito deveriam também os pais ser interrogados de como foi a educação (deseducação) desse meliante. Talvez até, conforme o perfil desse meliante, a família ser também responsabilizada, uma forma solidária de punição. Algo a se pensar e por em leis.

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