O álcool mata mais que o tabaco e tem consumo livre
EU escrevo este artigo com um certo ar de indignação e espanto. Falo sobre duas substâncias que ombreiam uma com a outra nas causas de morte no mundo (álcool e tabaco). Entretanto, quando se avaliam todas as causas de uma e outra, pensa-se que o álcool causa mais morte que o tabaco (nicotina e adjuvantes dos cigarros). Não é difícil ser o álcool o campeão de mortes, tendo em consideração que sendo uma substância com efeitos psicoativos (alterações neurobiológicas e sensoriais), estes efeitos somam-se aos danos fisiológicos e orgânicos, com espectro de doenças crônicas, incuráveis, debilitantes e letais (cirrose, pancreatite, neuropatias, encefalopatias, cardiopatias, derrames cerebrais etc.;). O tabaco acomete maciçamente o usuário, menos efeitos no fumante passivo.
E por que de meu espanto, como médico e articulista de jornais e portais culturais? Basta esta reflexão: do poder e lobby que exercem a indústria, os mercados e comércios de bebidas alcoólicas, sem que esses produtos, vendidos livremente para maiores de 18 anos tenham nos rótulos alguma advertência sobre a eficácia do álcool como viciante, dependência psíquica e orgânica e gerador de tantas doenças debilitantes, de efeitos sedativos e alucinatórios, ação nociva na capacidade de discernimento, de controle motor (neuromuscular), no risco de graves distúrbios de coordenação motora, no senso moral e estabilidade de comportamento e riscos de crimes brutais, individuais e coletivos; como os crimes de trânsito. Por que? Esta indignante pergunta a órgãos e agências de governo como a ANVISA, DETRAN Polícias e administração pública. De novo, por que?
Por lei, os maços de cigarro (tabaco) trazem em letras negritadas e capitais as advertências do uso do produto: trazem ainda imagens aterrorizantes de pessoas agonizantes por doenças causadas pela nicotina (enfisema, bronquites, câncer de pulmão). Os slogans: Este produto causa câncer; pare de fumar; você morre de enfisema, câncer de pulmão. Alguns trazem a fórmula, ingredientes: nicotina de tabaco, açúcar, adesivos, agentes aglutinantes, cola, agentes de combustão, preservastes, tintas e umectantes.
Ora, é de se perguntar e espantar, por que uma substância tão nociva, patogênica e letal como o álcool não traz essas advertências, dos riscos à saúde psíquica e orgânica de seus usuários, à semelhança e moldes do tabaco? Por que? Fica a suspeita de que seja por lobby e o apetite de receitas dos governos, por recebimento de impostos das indústrias e mercado de bebidas alcoólicas. São os casos das cervejarias, da indústria de destilados etc.; Ou seja, pagando altos impostos, pode-se tudo, até drogas e jogos de azar! Fica essa indagação, deste articulista. Leis, decretos, legislação específica, portarias, normativos na regulação do comércio e uso de bebidas alcoólicas foram apresentadas no congresso? Teriam tramitado essas propostas? Não vingaram e não foram aprovadas por lobby e bancadas contrárias a essas iniciativas? A ver, a pesquisar! Se assim, for, é estarrecedor, estupefaciente e indignante. No mínimo!