Ser-vidos E Ser-vis

 E por temor eu me calo/ por temor aceito a condição/de falso democrata e rotulo meus gestos/com a palavra liberdade, /procurando, num sorriso, /esconder minha dor diante de meus superiores. /Mas dentro de mim/com a potência de um milhão de vozes /o coração grita - MENTIRA!

 Esse "fragmento" que corre o mundo, desse poema de Eduardo Alves da Costa, no Caminho com Maiakovski. A partir desta epigrafe, desse belíssimo poema, façamos aqui duas reflexões interessantes das interesseiras relações que permeiam as pessoas. Quantas não são as pessoas, porque não se tem estatística concernente, pessoas que portam duas características não éticas ou não civilizadas nos contatos umas com as outras. Fala-se o texto aqui 1-da arrogância ou soberba; 2-e da exploração de certos indivíduos a outras pessoas de seu convívio, familiar, corporativo e de amizade. Em resumo: soberba e exploração do outro. Este o tema aqui dissertado.

Da soberba de muitos. Não é incomum deparar-se com certos tipos sociais e incivilizados de pessoas que, ostensivamente, se mostram arrogantes, soberbas, pretensiosas, janotas, casquilhas e extravagantes em tudo de que precisa para sua hospedagem em sociedade e no mundo. Seja na própria família, no vestuário, na comida, nas variadas necessidades materiais de sobrevivência.

Como exemplos: ela quer se vestir elegante, comer os melhores acepipes, os requintados lanches, almoços e jantares de luxo e portar os objetos digitais da moda. Detalhe curioso, sem essas tais e quais gentes se quer ter uma renda produtiva para sua autonomia e extravagância e luxo em tudo! Gozado, não! Basta observar, essa gente anda por aí. Aliás, muitas dessas vão se endividando e se tornando impedidas de novos créditos, pelas dívidas contraídas, sem renda para quitar.

Quer mais característicos desses tais, quid e quejandos indigitados sujeitos? Costumam ser preconceituosos com quem não são de sua iguala. Com referências, mofas e dissimulados desdéns de pessoas que não se mostram com mesmos dotes! Creiam!

Muitos são esses tais e indigitados arrogantes que na satisfação sensível de suas aparências e existência (sem essência, naturalmente) se valem da ingenuidade e bondade, mais que bonomia de terceiros, tudo sem pejo, afogueamento facial ou moral. São as opções da bona-chira, os ágapes, os rega-bofes e licores top 10. As libações e espíritos da onda. Pouco importam se esses itens vão sobrelevar e sobretaxar os normativos emolumentos de quem os bancam. Mais essa, não se coram de pudor!

Da exploração moral e material do outro. O grupo social onde vamos mais encontrar esses biótipos sociais sãos as famílias. Tem-se lá um prole de 3, 5, 6 , 7 irmãos. Tomem-se esses membros no modelo cabo de guerra, no desempenho, expensas de energias, contribuição monetária no orçamento nos cuidados e mantença de um parental decrépito, um inválido permanente, um idoso casmurro e rabugento! Quantos são os que isotopicamente fazem suas obrigações de filhos e herdeiros desses parentais agora em andrajos, fétidos e dependentes? Poucos! Talvez, de 4, 1 ou 2 e fica nesse estado. Essa é uma característica desses desqualificados tipos familiares.

E para finalizar. Aqui foram descritas duas marcas ou dois atributos de alguns humanos, tendo ainda em conta que não são excludentes, podem estar presentes ambas na mesma pessoa.  O que se sabe, por estudos sociais e psicossociais dos componentes de uma sociedade e famílias, é que esses tais indivíduos e sujeitos são provas vivas e contundentes do quanto é determinante e determinista duas heranças na constituição da pessoa, a saber: a herança genética (fisiologia, anatomia, personalidade); e a herança social familiar, esta como construtora do padrão ético, moral, relacional social e de honestidade dos indivíduos.  

Muitos são os desvios sociais, os vícios de adaptação social e familiar, os sestros, as manias, o caradurismo, os desplantes; todos desviantes e desvirtuados na convivência dessas pessoas, e que como fruto de uma educação ou melhor, falta dessa, vão caindo na naturalização e normalidade dessas pessoas. Para essas tais é tudo normal. Elas não têm culpas sozinhas, os pais e tutores foram cúmplices nesse modelo social de falta de educação e convivência, de se comportar nesse estilo nada solidário, altruísta e generoso uns com os outros. Mais uma característica:  costumam no trato com os ascendentes carentes de cuidados serem maquinais e automáticos, pouco simpáticos e empáticos. “Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo: ‘Sua mãe faleceu. Enterro amanhã. Sentidos pêsames. ” Isso não esclarece nada. Talvez tenha sido ontem. ” – Personagem Arthur Meursault, de O Estrangeiro de Albert Camus (1913-1960).

Posts mais recentes

Os charlatões da FÉ e da política

  Estamos em plena era de conquistas científicas e tecnológicas, e mesmo assim, como vicejam, vigoram e recrudescem as práticas de charlatan...