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MÉDICOS E ADVOGADOS DE MANUAL DE INSTRUÇÃO

 Quando encetamos um diálogo mais aprimorado com as pessoas de quem se espera um grau sociocultural diferenciado, nos surpreendemos com o que ouvimos e pensam essa classe de gente (universitários e recém-formados por exemplo). Há uma proporcionalidade inversa do padrão de conhecimento e pensamento dessas pessoas em comparação a evolução das Ciências e das Tecnologias. Fica a constatação, mais que sugestão, de que o cabedal, a qualificação cultural, técnica, científica e mesmo profissional de parcela significativa dessas pessoas são incompatíveis com sua formação. Notadamente, como dito, de quem se espera esse aprimoramento: estudantes universitários; esses qualificativos são precários, regulares e até inferiores aos constantes das grades curriculares exigidos pelas faculdades. Basta imaginar que para aprovação e conclusão do curso, exige-se nota 5 nos exames finais.

Vejamos o seguinte contexto: um médico que frequenta cursinhos preparatórios para fazer o ENEM (2, 3, 4 anos); entra na faculdade e estuda 6 anos a fase de graduação. Findo esse ciclo, ele não está preparado cultural e tecnicamente para ser um clínico geral, um médico de família, para o exercício de uma medicina primária. Ou seja, na orientação e atendimento às medidas elementares de saúde. Verdade que muitos estão nesse mercado de trabalho. Todavia, atendem mal os clientes e pacientes. São muitos os erros médicos. As condutas, as prescrições e pedidos de exames atestam essa deficiência e preocupação da sociedade, porque estão em risco a saúde, integridade física e vida das pessoas.

Para essas deficiências, criaram então as residências médicas. Para muitos recém-formados trata-se de uma forma de recuperação, um complemento à sua formação em medicina. Porque se ele for submetido a um exame de suficiência, será reprovado, nos moldes do exame da OAB para formados em Direito. Não se faz reparo e críticas à uma formação de pós-graduação; desejável e louvável. Fala-se aqui no ápice, da excelência de uma formação especifica. Como exemplo os patologistas, os cirurgiões plásticos ou cardiologistas etc.

De igual natureza, um bacharel em Direito; ele fez 5 anos do curso e erra nas exigências elementares da profissão, como uma petição padrão, o que seja um habeas corpus, um habeas data etc. Surge dessa realidade a exigência da prova da OAB, os estágios em escritórios conceituados, em instituições jurídicas oficiais e outros departamentos jurídicos de empresas privadas.

Por isso, como referido no pórtico deste artigo, ficam nítidas a inaptidão e a inépcia de muitos desses egressos profissionais das Universidades. Qualquer comentário com esses recém-formados fora de suas caixinhas curriculares, traz a eles um enorme embaraço e constrangimento. Referência a alguma obra clássica da Literatura, de Filosofia, e mesmo de renomados autores específicos de seus cursos, soam a esses jovens como alguma ficção e ente mitológico. Porque eles nada leem além do exigido nas grades escolares. E lá nos cursinhos pré-vestibulares foram instruídos e adestrados em ser aprovados em redação, em questões de múltipla escolha, etc.; Tanto que passados uns 3 anos do ENEM, eles nada sabem do que foram aprovados.

A classificação de muitos desses recém-formados: médicos, advogados, dentistas, engenheiros, veterinários, etc.;  são como profissionais de manual de instrução, esta classificação enquadra-se bem (se o profissional aplica bem seu manual de instrução ou até mal por alguns profissionais ) pelo despreparo técnico e científico).

Porquê dessa nomenclatura de profissionais de manual de instrução. Eles formam, caso de um médico ou advogado, e vão exercer o seu ofício, com um tipo de manual de instrução; tipo isto pode e isto não pode. Uma tabela do faço e não faço. Esses manuais de instrução estão na palma das mãos, nos celulares. Com um particular instigante: muitos aplicam mal essas instruções, porque erram demais. São os erros médicos, jurídicos, dos dentistas etc.

Existe um encadeamento de causas da má formação no ensino superior. Os testes de avaliação de aprendizagem no ensino fundamental, médico e mesmo das faculdades mostram esse baixo e precário aproveitamento escolar. Um bom indicador é o PISA. Organizado pela OCDE, essa avaliação mostra o quanto é deficiente o desempenho escolar dos alunos brasileiros, reflexo dos métodos de ensino das escolas públicas e privadas. Comparados com países europeus os alunos brasileiros, a maioria, estão atrasados 2 ou 3 anos, em escolaridade. Basta ver os comparativos e tabelas do PISA, da OCDE, e constatar a quantas andam a cultura geral, a cultura de matemática, de português e de nossos jovens e escolas brasileiras.

O que parece e sugere esse estado da Educação Brasileira, a cultura geral, técnica e científica de nossa juventude? Sugere essa condição crônica, que perpassa por vários mandatos de governos, que ela interessa muito aos homens de Estado, presidentes, governadores, parlamentares. Dessa forma estabelece-se um sistema fisiológico das ajudas, das bolsas-famílias, do fome zero, das cestas básicas. Em consequência, os votos para eleger esses mandatários estão garantidos, perene e reiteradamente, em um efeito de vai-e-vem, sempre, sempre reeleitos. As mesmas figuras! Muitos até formam as dinastias, os clãs familiares. O avô político, o filho, os netos e netas. Êta País esquisito, o Brasil.

 

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