Dias desses eu me avistei por motivos laborais, com um pesquisador em Psicologia Social. Vejam, leitores, quantos são os ramos desse Ramo do Saber, Psicologia, esta Ciência que se dedica à mente, ao comportamento, às reações, à personalidade das pessoas, das diferentes gentes. Na verdade, era justamente um encontro de profissionais e cientistas de comportamento humano. E para começar este artigo, vem aqui uma provocação. Grande é a dificuldade que depara a Psicologia ou Sociologia, do que seja o normal, o padrão, o referente em se tratando de comportamento, de conduta de cada pessoa. Nesse desígnio, vão aqui algumas tintas, nuanças desses diálogos, a mim enriquecedores. Sempre bom aprender com quem sabe mais.
Por uma analogia, podia-se ter parâmetros, balizas em Psicologia da classificação do que seja uma psique normal e os indivíduos limítrofes. Porque quantos não são os indivíduos, até analisados e periciados (termo técnico) como normais, quando em uma perícia social, psicológica, psiquiátrica; mas que na sua vida cotidiana, não passam de um lorpa, um néscio, um folgado, aproveitador, um desajustado, um explorador de energias e substratos alheios? Quantos não são esses tais, quais e quejandos indivíduos? Existem esses tais, pessoas sanguessugas, aspirantes de energia alheia.
Uma outra analogia que se pode fazer é com criminosos e detentos de bom comportamento. E muitos desses precitos, réprobos e escroques sujeitos e sujeitas, vão para um exame criminológico e são aprovados. Agora, imaginemos juntos, leitores e eu. Um indivíduo recluso, cumprindo uma pena de privação de liberdade está 24 horas sendo monitorado, vigiado, por cadeados, por agentes penitenciários e câmeras! Pergunta singela e direta: como não ter bom comportamento para uma saidinha de Natal, aniversário? É risível e hilário, pensar e esperar comportamento diferente! O mesmo se pode dizer de um indivíduo aloprado e hebetado em sua faina diária. Imagine se ele vai agir e se mostrar de igual modo na frente de um profissional, um perito, uma analista de comportamento e caráter. Nessa hora não são des-viados.
Temos em nossa sociedade, nas relações humanas, as mais diversas, os classificados indivíduos que tocam suas vidas pelos descaminhos da rota ideal; do que deveria ser um padrão de boa, de profícua, de fértil, de generosa convivência. São os chamados desviados da normalidade. Existe como que uma tolerância das pessoas à sua volta, sabendo que a pessoa é assim, assado, que ela não vai mudar. E entram nesta hora a Psicologia Social e a Sociologia para deslindar e interpretar esses comportamentos desviados. Como existem os tais desviados das sendas e rotas normais da vida!
E teve mais de nosso diálogo. Nessas questões basta cada qual, de per si ou ter em conta o que se passa no presente, ou se for o caso, uma análise retrospectiva dos convívios, sejam parentais (um ótimo laboratório nesse quesito), contraparentes, corporativos, recreativos etc. etc. E não raro, para quem estuda, há como um laboratório social à volta, à roda de cada estudioso, de cada parecerista. Muitos são os des-caminhos tomados pelas pessoas, em suas lides sociais, recreativas, laborativas. Teremos então os ditos e classificados desviados da normalidade. O que instiga, o que se faz curioso, é como familiares, parentes de variados graus, lidam com essas desclassificadas pessoas. Os desviados e des-viantes sujeitos, os desvirtuados do padrão de humanos cooperativos, operosos e laborais.
Quantos não são os pais, as mães, os irmãos, os tios, os sobrinhos, os filhos, os enteados, até amigos que em nome dos vínculos genéticos e afetivos, tornam-se ou caem-se na mesma esparrela desviada das boas e aceitáveis regras de convivência. Nesses termos quantos não os que se tornam protetores, lenientes, coniventes dessas tais pessoas: os aproveitadores, os preguiçosos, os empurradores com a barriga, os folgados, os adictos de massas, de cocas, de bona chira e gorduras, à custa alheia. Imagine, o quanto é negativo e pesado, suportar esses tantos desviados do padrão. Santa Inácia, apiedai-vos de nós. Arre!