Existe uma constatação, estudos científicos o provam, que as pessoas vêm perdendo a capacidade do diálogo presencial. Em cada encontro que se faz, o que não se faz como em idos tempos (pré Internet), se observa essa tendência. Não é mera impressão, o vocabulário, os assuntos, a criatividade de interlocução das pessoas vêm sofrendo uma degradação no conteúdo, no significado e qualidade cultural. Há um rebaixamento cognitivo e intelectual das pessoas.
Com o advento da Internet, de redes sociais, de aparelhos digitais e games, da superexposição às teletelas de mídias digitais e games, as pessoas perdem a capacidade de abstração, do pensamento criativo e raciocínio logico. A explicação se faz porque os recursos virtuais exigem pouca criatividade, nada de raciocínio elaborado e pouco esforço mental. Tudo “prêt-à-porter” (pronto para o uso).
Nesse contexto, nesse novo comportamento, as crianças, adolescentes e jovens da era digital, a chamada geração digital, são os mais afetados. Os nascidos nos anos 1990, esse rebanho de pessoas se alfabetizou já com todas as ferramentas e auxílio da internet, do telefone celular e telas virtuais. A leitura do livro físico, a escrita, a redação, a matemática exercida à mão, o desenho, a pintura; todo esse treinamento artístico e manual foi perdendo importância para a prontidão e facilidade da Internet. Internet, considerada a nova maravilha do mundo moderno. “Admirável Mundo Digital”!
O certo, o que é ouvido e fartamente testemunhado é que as pessoas quando frente a frente; essas pessoas, notadamente, as da geração 90 (1990), têm enorme dificuldade em estabelecer uma intelecção bem elaborada, com um grau de intelecção minimamente estético e proveitoso. O diálogo e a dialética sofrem com os internautas.
Nesses diálogos nota-se outra característica: a infantilização ou futilidade dos assuntos trocados. Repetem-se nessas falas, os temas e interesses veiculados na Internet e redes sociais. Há um vazio absoluto no que concerne ao conteúdo das postagens, os posts, fotos, imagens, vídeos. Esses mesmos conteúdos e publicações são replicadas nos diálogos presenciais, nos poucos que se fazem. Assim, falam-se de viagens, de turismo, de comidas, das fotos, filmes.
Nada escapa ao publicado, às trocas de mensagens. Os pratos, as sobremesas, as bebidas, as decorações, os doces, os chocolates, os pets, as roupas dos pets, a ração dos pets, as graças dos pets, os cocôs dos pets, os xixis dos pets.
A internet e redes sociais, no seu papel antissocial, mudaram os sentidos de intimidade e privacidade pessoais. Existe um excesso de autolatria, de narcisismo, de autoestima. Nessa consideração, não basta mostrar apenas a realidade como ela é. É preciso, em se pensando em ilusão, devaneio e vaidades, é preciso realçar esses atributos. Para tanto existe um tal de photoshop, os aplicativos de adulterar e falsear o original, a realidade. Corta-se aqui, pinta-se ali. E a pessoa vai parecer 10 anos mais jovem, mais bela, mais turbinada, tendo implantados os silicones ou aplicado Botox. “Admiráveis recursos digitais”. Nesses tempos de tanta frivolidade digital e virtual, temos as tribos dos peter pan, admirável mundo dos perpétuos adolescentes. Ninguém cresce.
Assim são as tribos das redes sociais. E elas não perdem a nova tendência, quando nos encontros presenciais. Que na verdade se fundem, porque ninguém desgruda e deixa sequer na bolsa os aparelhos de celulares. As mensagens e postagens da redes sociais (no papel antissocial) se replicam nos encontros dos rega-bofes, nas comezainas, nas patuscadas, nas orgias gastrocnêmicas e libações alcoólicas.
Então haja assuntos de infantilismo, de frevo e futilidades. Aquelas fotos, aqueles posts. “Ah, olha só que gracinha! Hum mesmo! Deixe ver”! Toda uma temática, assuntos de enojar e desesperar, entediar e arrufar a quem não pertence à mesma tribo, ao mesmo rebanho, ao mesmo pessoal e turma. “Out Group”. Ubíquas redes sociais, no seu foco do sempre antissocial.